Pausas entre tratamentos podem promover a qualidade de vida sem afetar negativamente a sobrevivência

De acordo com os dados apresentados na Reunião Anual da ASCO, pode haver intervalos entre regimes terapêuticos de algumas crianças com cancro, de forma a promover a qualidade de vida e explorar os objetivos dos cuidados sem afetar negativamente a sua sobrevivência.

Os resultados, segundo os investigadores, apontam para uma possível desvalorização, por parte de toda a indústria, dos atrasos no tratamento de doentes pediátricos com tumores sólidos recidivantes ou refratários.

Mais tempo de vida com pausas no tratamento

“A maior parte das crianças com tumores sólidos recidivantes vai passar por recaídas e terapias subsequentes sem nunca ter feito uma pausa no tratamento”, referiu Matthew T. McEvoy, Professor no Baylor College of Medicine, durante a sua apresentação. “Descobrimos na nossa coorte que os pacientes que têm pelo menos uma pausa intencional no seu curso pós-recaída viveram mais tempo do que aqueles que não o fizeram”, afirmou.

Contexto e metodologia

Tumores sólidos recidivantes ou refratários são uma causa importante de mortalidade entre crianças e adolescentes com cancro. Os efeitos das terapias iniciais estão bem estudados, no entanto, poucos estudos examinaram os efeitos cumulativos de múltiplas recaídas ou terapias de recuperação.

McEvoy e os colegas conduziram uma investigação analisando dados de pacientes do Texas Children’s Hospital, com o objetivo de verificar se intervalos maiores que 30 dias entre o diagnóstico dos eventos e o início dos tratamentos subsequentes têm algum impacto na sobrevida global.

O estudo incluiu 466 pacientes e os diagnósticos mais comuns incluíam neuroblastoma (21,5%), rabdomiossarcoma (19,1%) e osteossarcoma (16,1%). Os pacientes do estudo tiveram uma média de três eventos recidivantes ou refratários, com uma média de 93 dias entre cada evento.

Resultados, próximos passos

Os resultados mostraram que pacientes com algum tipo de pausa entre tratamentos, conseguiram uma sobrevida global mais longa do que aqueles que não fizeram.

Foi estabelecida uma associação significativa entre uma pausa de mais de um mês no tratamento direcionado à doença e sobrevida global prolongada.

Um estudo futuro planeia aprofundar a compreensão do impacto da tomada de decisões pela família do paciente durante os cuidados oncológicos pediátricos e alargar a coorte, afirmou McEvoy.

“Embora seja provável que tenhamos um fator de confusão relacionado com a urgência ou falta dela para iniciar um novo tratamento, sugerimos que também podemos estar a subestimar os benefícios existentes numa pausa”, acrescenta. “Assim, para alguns pacientes com recaída, acreditamos que os prestadores de cuidados de saúde podem dedicar mais tempo a explorar os objetivos do tratamento com a família e envolver-se numa partilha cuidadosa da tomada de decisão sem comprometer a sobrevivência geral”.

Fonte: Healio

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