Oxigénio de alta pressão potencia eficácia de composto natural contra o cancro

Um ambiente de oxigénio puro com uma pressão 3,5 vezes superior à do ar pode aumentar significativamente a eficácia de um composto natural que já se mostrou efectivo no tratamento de diferentes tipos de cancro.

Cientistas da Universidade de Washington e da Universidade do Estado de Washington, nos Estados Unidos, testaram a artemisinina, composto natural usado para tratar a malária, mas que já revelou eficaz no combate ao cancro.

 

Usando a artemisinina ou oxigénio de alta pressão isolado numa cultura de células de leucemia humana foi possível reduzir o crescimento das células cancerígenas em 15%. Numa fase posterior os cientistas utilizaram os dois compostos em combinação, o que permitiu reduzir o crescimento das células em 38%, além de ter sido notório um aumento da eficácia da artemisinina em 50%.

A artemisinina reage com o ferro dentro da célula para formar um radical livre carregado de partículas altamente reactivas que destroem as células, motivo pelo qual ela é frequentemente utilizada para combater o parasita da malária, rico em ferro. De igual modo, há largos anos que é conhecida a eficácia deste composto no tratamento do cancro, dado que o ferro é essencial para a propagação das células cancerígenas, permitindo-lhes formar um novo ADN.

 

Num artigo publicado recentemente na revista Anticancer, os cientistas da Universidade de Washington desenvolveram uma variante milhares de vezes mais potente que a artemisinina natural, que foi licenciada em 2004 por uma empresa chinesa.

Os investigadores ressalvam que “a artemisinina é um promissor tratamento de cancro de baixo custo, porque é específico, barato” e não necessita de ser injectado, assumindo-se cerca de 100 vezes mais específico do que a quimioterapia tradicional. 

A necessidade de testar a teoria de que níveis de pressão elevados de oxigénio poderiam aumentar os efeitos de artemisinina, já tem sido abordada há muito tempo, explicam, pelo facto do oxigénio promover a formação de radicais livres. 

Na prática clínica, o estudo da artemisinina hiperbárica pode potenciar o tratamento de cancro, se o doente for colocado numa câmara hiperbárica para aumentar a eficácia da artemisinina.