Ovos de galinha poderão ajudar a revolucionar o tratamento do cancro em crianças

O investigador James Lim, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, procura trazer uma nova esperança para crianças que sofrem com doença oncológica ao tentar identificar quais os tratamentos contra o cancro que têm maiores probabilidades de sucesso antes mesmo de serem administrados. O cientista e os seus colegas estão a tentar dar resposta a essa questão utilizando uma ferramenta de investigação surpreendente, mas poderosa: ovos de galinhas.

“No meu laboratório de investigação, estamos a utilizar ovos de galinha como modelo hospedeiro para cultivar tumores pediátricos numa placa de Petri”, disse Lim, especialista em resistência a medicamentos na área do cancro pediátrico.

Assim, “seremos capazes de testar diferentes medicamentos direcionados às propriedades e fraquezas únicas de cada tumor e ver como as células cancerígenas responderão”, explicou.

Ao testar previamente as opções de tratamento na segurança de um laboratório, os investigadores estão a identificar quais medicamentos funcionam bem, compreender porque alguns medicamentos falham e, em última análise, oferecer opções de tratamento com maior probabilidade de sucesso para crianças que lutam contra o cancro e recidivas.

Embora o modelo do ovo de galinha (tecnicamente conhecido como membrana corioalantóica ou CAM) não seja novo na investigação pré-clínica oncológica, Lim e os seus colegas são os primeiros cientistas no Canadá a usar o modelo no campo da investigação do cancro pediátrico.

“A principal vantagem de usar o ovo de galinha é que ele é um modelo rápido”, refere Lim. “Leva apenas uma a duas semanas para crescer um tumor a partir do momento da biópsia inicial – isto representa uma queda dramática em relação ao padrão atual de três a seis meses usando outros modelos”, destacou.

O trabalho de Lim faz parte de uma iniciativa muito maior de oncologia pediátrica de precisão, denominada por BRAvE – Better Responses through Avatars and Evidence. A equipa do BRAvE está a utilizar espectrometria de massa e tecnologias de sequenciamento de genoma de ponta para determinar a composição molecular única de tumores cancerígenos infantis – tudo num esforço para encontrar opções de tratamento com maior probabilidade de sucesso e o menor número de efeitos colaterais.

“Até recentemente, o tratamento do cancro pediátrico era basicamente uma abordagem única para todos. Temos agora uma oportunidade diante de nós de abraçar estes avanços na investigação em medicina de precisão para ajudar a direcionar o tratamento e salvar vidas”, afirmou James Lim.

De acordo com Lim, um dos maiores desafios no tratamento do cancro pediátrico atualmente é que muito menos medicamentos contra o cancro são aprovados para crianças. “Muitas vezes, diferentes tecidos são afetados no cancro infantil e menos medicamentos contra o cancro são considerados seguros para as crianças”, indica.

É por isso que a sua equipa está a explorar novos caminhos, investigando e testando até medicamentos já aprovados utilizados para tratar outras doenças e condições infantis.

“Estamos a explorar todas as possibilidades. O melhor cenário é quando encontramos um medicamento existente que já foi aprovado para uso em crianças e pode ser reaproveitado na luta contra o cancro”, sublinhou.

Fonte: Universidade da Colúmbia Britânica

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