Os sobreviventes e os riscos de hospitalizações futuras

Adolescentes e jovens adultos que sobreviveram, pelo menos, 2 anos após um diagnóstico de cancro têm quase o dobro do risco de serem hospitalizados em comparação com a população em geral.

Os resultados do estudo realizado pela American Cancer Society foram publicados na revista Cancer Epidemiology, Biomarkers, & Prevention.

“Percebemos que o número de estudos que investigam a saúde de adolescentes e jovens adultos sobreviventes de cancro é muito escasso, e por isso, decidimos analisar esta população”, disse Chelsea Anderson, a principal autora do estudo.

“Os nossos resultados ressaltam a importância do acompanhamento a longo prazo, com base no risco, para prevenir e tratar efeitos tardios graves e outras condições de saúde nestes pacientes”.

Aproximadamente 70 mil adolescentes e jovens adultos americanos, definidos como pessoas com idades entre os 15 e os 39 anos, são diagnosticados com cancro todos os anos.

Como as taxas de sobrevivência a 5 anos têm aumentado, de forma constante, nas últimas décadas para mais de 80% de todos os tipos de cancro combinados, cada vez mais sobreviventes têm um risco aumentado de resultados adversos à saúde mais tarde na vida como resultado do seu tratamento contra o cancro.

Estudos anteriores sobre o impacto do tratamento do cancro nas morbidades e hospitalizações tardias entre sobreviventes de cancro, como o Childhood Cancer Survivor Study, incluíram sobreviventes até aos 20 anos de idade, tendo-se focado nos cancros mais comuns na infância, como as leucemias e os tumores do sistema nervoso central.

Como resultado, os padrões de hospitalização não foram bem caraterizados para adolescentes e adultos jovens, especialmente aqueles com cancro da mama, colorretal e outros.

Este estudo, que também contou com a participação da Universidade de Utah e da Universidade da Carolina do Norte, examinaram o risco de primeira hospitalização e a taxa de hospitalizações totais entre adolescentes e jovens adultos sobreviventes de cancro usando dados do Utah Population Database, uma base de dados que vincula registos da população em todo o estado a informações de diagnóstico de cancro.

Os cientistas analisaram dados de 6 330 sobreviventes de cancro, 12 924 irmãos e 18 171 pessoas da mesma idade sem cancro.

O risco de uma primeira internação entre adolescentes e jovens adultos sobreviventes de cancro foi 1,78 vezes maior em comparação com os seus irmãos e 1,93 vezes maior que pessoas sem cancro e com a mesma idade.

Em comparação com o grupo de controlo, o risco de uma primeira hospitalização aumentou 4,76 vezes para sobreviventes de leucemia, 3,45 vezes para sobreviventes de tumores do sistema nervoso central, 2,83 vezes para sobreviventes de cancro colorretal, 2,76 vezes para sobreviventes de linfoma não Hodgkin, e 2,37 vezes para sobreviventes de cancro da mama.

A taxa de hospitalizações totais aumentou 56 por cento para adolescentes e jovens adultos sobreviventes de cancro em comparação com os controlos.

Os sobreviventes de cancro também tiveram mais do que o dobro do risco de várias outras condições, incluindo doenças infeciosas e parasitárias, doenças do sistema nervoso, doenças circulatórias, doenças de pele, doenças respiratórias, lesões e envenenamentos.

O risco de desenvolverem doenças digestivas, mentais, musculoesqueléticas e geniturinárias também foi elevado.

“Uma melhor compreensão sobre este tema pode ajudar a antecipar a futura utilização de serviços de saúde em pacientes diagnosticados mais recentemente”, lê-se no estudo.

“Estas descobertas também podem ajudar no desenvolvimento de diretrizes para o acompanhamento de adolescentes e jovens adultos sobreviventes”.

Fonte: Medical Xpress

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