Oncologista fala sobre impacto do diagnóstico de cancro na vida das crianças

“O seu filho tem cancro”. Estas são das palavras mais terríveis que uma família pode ouvir. A partir desse momento, começa uma luta e uma jornada.
O cancro não afeta apenas a criança; esta doença atinge famílias, comunidades e profissionais de saúde que não querem nada, além de tirar aquele sofrimento de uma criança.
A oncologia pediátrica é um campo em rápida evolução que se concentra especificamente na cura do cancro infantil, minimizando as toxicidades relacionadas ao tratamento. Há apenas 50 anos, as taxas de cura para o cancro pediátrico eram inferiores a 50%; hoje, essas mesmas taxas atingem os 90% para certos tipos de cancro. 
A busca incansável por uma cura e pela sobrevivência a longo prazo para pacientes com cancro infantil tem sido uma das histórias de maior sucesso na medicina nos últimos 50 anos, em grande parte é devido à pesquisa rigorosa feita nos Estados Unidos e no mundo. 
Uma das organizações que lidera este sucesso, a Children's Oncology Group, permitiu que médicos, cientistas e investigadores em todo o mundo colaborassem na meta mais importante da vida de várias famílias: curar o cancro dos seus filhos.
Apesar dos avanços significativos nas taxas de cura e no desenvolvimento de novos tratamentos, ainda existem efeitos secundários significativos dos tratamentos que essas crianças recebem. A quimioterapia afeta todo o corpo da criança e leva à perda de cabelo, náuseas, vómitos e infeções potencialmente fatais. Alguns medicamentos podem causar efeitos secundários a longo prazo que devem ser monitorizados pelo resto da vida da criança. 
Daí que o papel das equipas de saúde não pode ser apenas fornecer tratamento, mas também antecipar e gerenciar esses mesmos efeitos secundários decorrentes dos tratamentos. 
Quem vê uma criança a combater o cancro ficará mudado para o resto da vida. 
Independentemente das consultas médicas e dos tratamentos tóxicos, as crianças adaptam-se e lutam sem hesitação. Uma vez, um pai de um paciente meu disse-me “estas crianças andam de triciclo no corredor e não no parque. Eles sabem os nomes dos tratamentos em vez do nome dos seus colegas de escola. Os enfermeiros e os médicos são a sua nova família e para eles, o cabelo é superestimado. A força destas crianças fará qualquer pessoa chorar”.
A partir do momento em que uma criança é diagnosticada com cancro, começa uma imprevisível viagem de montanha-russa. No início, os nomes dos medicamentos, dos procedimentos e da equipa de profissionais são assustadores. 
À medida que o choque inicial do diagnóstico se torna real, uma equipa multidisciplinar junta-se à jornada com o paciente e com a sua família para criar um plano baseado em evidências. A equipa é formada por médicos, enfermeiros, farmacêuticos, assistentes sociais, especialistas em vida infantil, todos eles focados no bem-estar da criança e da família. 
Embora nenhuma pessoa consiga prever onde a jornada irá acabar, o objetivo é fornecer os cuidados mais atualizados e centrados no paciente, com a esperança de uma cura.
O hospital onde trabalho, o Wesley Children's Hospital, nos Estados Unidos, tem uma equipa dedicada de hematologia oncológica pediátrica que inclui médicos de onco-hematologia pediátrica, um enfermeiro pediatra de hematologia oncológica e enfermeiros certificados em quimioterapia, um farmacêutico pediatra de hematologia-oncologia, especialistas em vida infantil, assistentes sociais, psicólogos e quase cada sub-especialidade pediátrica num mesmo local para ajudar a dar os melhores cuidados a uma criança com cancro. 

Texto redigido por Nathan Hall, hemato-oncologista pediátrico no Wesley Children’s Hospital
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