“O que é a remissão?” – a diferença entre não haver sinais de cancro e a cura

Frequentemente, as pessoas confundem os termos “cura” e “remissão”, mas é importante entender que eles não significam a mesma coisa.

Cura significa que não existem vestígios de cancro após o tratamento e que esta doença nunca irá voltar, enquanto remissão significa que os sinais e sintomas do cancro desapareceram de forma total, ou parcial.

Os oncologistas normalmente não usam a palavra “cura” porque as células cancerígenas podem permanecer no corpo durante muitos anos, mesmo que os testes não as consigam detetar após o tratamento; muitas vezes, são essas células indetetáveis as causadoras de recidivas. Daí que os oncologistas prefiram usar o termo “remissão” para descrever um estado em que um paciente não exibe sinais de cancro.

Qual a definição de remissão?

Remissão significa uma diminuição ou desaparecimento dos sintomas do cancro após diferentes tipos de tratamentos, como cirurgia ou quimioterapia, sendo que a sua definição pode ser ligeiramente diferente dependendo do tipo de cancro em questão.

Em casos de tumores sólidos, a remissão significa que o tamanho do tumor encolheu significativamente ou que desapareceu por completo. No caso de cancros do sangue, como a leucemia, remissão significa uma redução significativa ou nenhuma evidência de células cancerígenas.

No total, existem dois tipos de remissão:

  • Remissão parcial, onde o cancro ainda é detetável, mas houve uma redução de, pelo menos, 50% no tamanho do tumor, em casos de cancro sólido. Em casos de cancro no sangue, significa que existe uma menor circulação de células cancerígenas no corpo. Nesta fase, os médicos costumam dizer que “a doença está controlada”
  • Remissão completa, onde os exames são incapazes de detetar vestígios cancerígenos no corpo; este tipo de remissão também é descrito pelos médicos como “não existindo evidência de doença”. No entanto, algumas células cancerígenas ainda podem estar presentes, mas não são detetadas pelos testes

Existem diferentes maneiras de medir o tamanho de um tumor e o número de células cancerígenas para estabelecer se há, ou não, remissão. Nos tumores sólidos, os médicos podem solicitar tomografias, exames físicos e radiografias, dependendo do tipo de cancro. Para medir as células cancerígenas, os médicos costumam usar raios-x, ressonância magnética, tomografias e exames de sangue e urina.

Se a remissão não for alcançada, a condição pode ser classificada como doença estável ou doença progressiva. Os cancros que não sofrem alterações podem ser chamados de doença estável. Quando o tamanho do tumor aumenta, ou o cancro metastiza, dá-se a designação de doença progressiva. Quando o cancro sai da remissão, diz-se que progrediu. No caso de cancros crónicos, recorrência e progressão podem significar a mesma coisa.

Alguns médicos usam a palavra “cura” se a remissão completa for mantida por 5 ou mais anos; isso acontece porque a maioria das recidivas ocorre em cinco anos. Mesmo assim, não existe 100% de certezas que o cancro não retornará.

As taxas de remissão

A taxa de remissão pode variar de acordo com o tipo, estágio e grau do cancro, bem como com a idade do paciente e outros fatores.

O cancro em estágio inicial (estágio I-II) costuma ser altamente tratável e tem as maiores probabilidades de remissão. O cancro em estágio avançado (estágio III-IV) tende a ser mais resistente ao tratamento.

O cancro em estágio avançado é considerado incurável e, como tal, os médicos não procuram obter a remissão completa, mas sim uma redução no tamanho do tumor, seguida por um período sustentado de sobrevivência livre de progressão. Nestas situações, os médicos costumam sugerir tratamentos paliativos com o objetivo de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

A taxa de remissão também pode ser diferente dependendo do tipo de tratamento. Por exemplo, a cirurgia comummente usada com intenção curativa pode ser evitada nos estágios avançados, quando os riscos superam os benefícios.

É importante referir que alguns tipos de cancro apresentam taxas de remissão completa mais altas do que outros; por exemplo, pessoas com leucemia tendem a ter altas taxas de remissão completa – até 90% em alguns casos.

Manter a remissão

Após o tratamento inicial, os médicos podem sugerir que os pacientes sejam submetidos a terapia de acompanhamento, ou manutenção, mesmo que tenham atingido a remissão completa. O objetivo deste tipo de terapias não é o de curar o cancro, mas prevenir ou retardar a recidiva da doença no futuro; são vários os tipos de cancro que respondem bem a estas terapias.

Nos últimos anos, foram lançados novos medicamentos com menos efeitos secundários o que significa que estas terapias podem ser usadas por longos períodos de tempo. Além da medicação, a terapia de manutenção pode incluir quimioterapia, terapia hormonal ou terapia direcionada. O tratamento pode durar semanas ou anos, dependendo do tipo de cancro ou da resposta do corpo a este tratamento.

Pessoa que estejam a ser submetidas a terapias de manutenção devem manter os seus médicos atualizados sobre a intensidade dos efeitos secundários que experimentam; dessa forma, os médicos podem ajudá-los a ajustar o tratamento ou, caso seja necessário, alterá-lo.

O risco de recidiva

Mesmo em casos de remissão completa, não existem garantias de que o cancro não regresse; a recidiva pode ocorrer no mesmo local onde o cancro foi primeiramente diagnosticado ou noutra parte do corpo. Embora não seja possível prever uma recidiva, existem algumas explicações sobre o porquê de isso acontecer:

  • Células cancerígenas não detetadas: algumas células cancerígenas podem “esconder-se” durante meses ou anos; estas células são indetetáveis ​​em testes que estão disponíveis, sendo uma das principais razões pelas quais os médicos tendem a não dizer que um paciente está curado, mesmo quando ele apresenta uma remissão completa;
  • Células cancerígenas resistentes: as células estaminais cancerígenas são um subconjunto de células cancerígenas, mais fortes e resistentes aos tratamentos. Alguns cientistas acreditam que esta resistência extra se deve ao facto de elas se dividirem mais lentamente do que as outras células cancerígenas;
  • Segundo cancro primário: neste caso, a recidiva é um cancro novo, não relacionado ao inicial que estava a receber tratamento. Este tipo de cancro pode ser diagnosticado na mesma área do cancro anterior ou numa nova região ou órgão. Os riscos de um segundo cancro primário têm aumentado nos últimos anos, especialmente entre pessoas que foram diagnosticadas com cancro em crianças.

Em regra, quanto maior o tempo em que uma pessoa se encontra em remissão completa, menor é a probabilidade de uma recidiva; ainda assim, uma pequena percentagem de pessoas sem sinais de cancro pode apresentar repentinamente uma recidiva tardia (definida como recidiva após 5 anos de remissão completa).

Fonte: Very Well Health

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