Os pais de Isabella Ortiz, que morreu vítima de um tumor cerebral, fazem questão de destacar a necessidade de doações de tecidos raros que ajudem outras crianças a enfrentar o mesmo tipo de cancro que lhes roubou a filha.
Isabella Ortiz estava sempre a sorrir.
Esta menina adorava estar rodeada de pessoas e assistir a filmes da Disney. Apesar de ter sido diagnosticada com um cancro cerebral bastante raro quando tinha apenas 3 anos de idade, Isabella conseguiu sempre manter o seu sorriso e a sua alegria.
Isabella foi diagnosticada com um glioma pontino intrínseco difuso, vulgo DIPG, um tumor cerebral raro, e bastante agressivo, que se forma na base do cérebro, onde são controladas funções essenciais do corpo, como a respiração e os batimentos cardíacos. Devido à sua localização, os tumores não podem ser removidos cirurgicamente e, com o tempo, tornam-se resistentes a qualquer tratamento, como a quimioterapia.
Atualmente, não existe uma cura para o glioma pontino intrínseco difuso, e a maioria das crianças diagnosticadas com a doença morre no espaço de 1 ano.
Na altura do diagnóstico, os médicos disseram que Isabella tinha apenas 9 meses de vida, mas, graças a uma variedade de tratamentos, incluindo radioterapia e quimioterapia, a criança sobreviveu durante 28 meses.
Isabella morreu em outubro de 2019, quando tinha 5 anos.
No dia do seu funeral, os pais de Isabella, Assunta Trapanese e Victor Ortiz, prestaram homenagem à sua “linda princesa” vestindo-se como personagens do seu filme preferido da Disney, “Frozen”.
Isabella estava vestida como a personagem principal, Elsa.
“O presente de Isabella”
O professor Chris Jones, e os seus colegas do The Institute of Cancer Research foram os responsáveis por descobertas que levaram a um novo entendimento acerca desta doença, incluindo a descoberta de uma possível fraqueza genética em alguns casos que poderiam ser alvo de fármacos; esta pesquisa levou a colaborações com parceiros para descobrir, desenvolver ou redirecionar medicamentos para atingir o glioma pontino intrínseco difuso.
Porém, como esta doença é tão rara, o tecido tumoral não costuma estar disponível para apoiar pesquisas adicionais e o entendimento das caraterísticas moleculares da doença permanece limitado.
Sabendo disso, os pais de Isabella doaram amostras do tecido cerebral da sua filha para o The Institute of Cancer Research; algo que foi descrito como “o último presente de Isabella para o mundo”.
“Tentámos fazer o impossível”
A mãe de Isabella, Assunta, acredita que esta doação ajudará os cientistas a fazer um avanço nas pesquisas sobre o cancro cerebral que tirou a vida da sua filha.
“Quando os médicos nos disseram que a Isabella tinha um glioma pontino intrínseco difuso, nós ficámos muito confusos, porque nunca tínhamos ouvido falar daquele tipo de cancro. Depois, disseram-nos que não havia uma cura nem nada que pudéssemos fazer, e aí, o nosso mundo desabou”.
Assunta revela que, logo no dia em que receberam o diagnóstico de Isabella, ela e o seu marido começaram a procurar tratamentos em todo o mundo.
“Tentámos fazer o impossível para manter a nossa filha viva”.
No início, os tratamentos a que Isabella foi sujeita foram bem-sucedidos; mas, infelizmente, esses efeitos foram apenas temporários.
“As famílias como a nossa, que foram e são afetadas pelo glioma pontino intrínseco difuso precisam desesperadamente de mais pesquisas para que os seus filhos possam sobreviver. Nós não queremos que mais famílias passem por aquilo que nós passámos. É muito, muito difícil estar sem a Isabella, não há um dia em que não nos lembremos dela”.
“Atos extraordinariamente altruístas”
A equipa de Chris Jones ficou “profundamente comovida” com a generosidade da família de Isabella; contudo, não esquecem todas as outras famílias que também doaram o tecido dos seus filhos.
“Estes são atos extraordinariamente altruístas que permitem que grupos de pesquisa, como o nosso, estudem a biologia do glioma pontino intrínseco difuso. Sem estas doações, não teria sido possível continuar a desenvolver e a aprofundar o conhecimento sobre esta terrível doença”.
Fonte: The Institute of Cancer Research