Os sobreviventes de neuroblastoma pediátrico podem ser obrigados a enfrentar dificuldades cognitivas mais tarde na vida, mesmo que o tratamento tenha ocorrido antes dos pacientes terem 1 ano de idade, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
“Mesmo os pacientes com menos de 1 ano – que não recebem tratamentos tao intensivos – correm risco de sofrer muitas dessas deficiências. Ou seja, é preciso estarmos cientes de que, mesmo os pacientes considerados de baixo risco, podem ter problemas mais tarde na vida”, disse, à Oncology Nursing News, a investigadora Caroline Hesko.
Os cientistas analisaram dados do Estudo sobre Sobrevivente de Cancro na Infância (CCSS), um grande banco de dados de cancro infantil recolhidos em mais de 30 instituições nos Estados Unidos, entre 1970 e 1999.
O estudo incluiu participantes que haviam recebido um diagnóstico antes dos 21 anos e irmãos mais próximos da mesma idade como controlos. Dados genéticos e genómicos também foram incluídos.
Especificamente, a pesquisa examinou uma amostra de pacientes com neuroblastoma.
Usando um questionário neurocognitivo, os cientistas analisaram 4 domínios: eficiência da tarefa, organizações, regulação emocional e memória.
Um total de 837 sobreviventes de neuroblastoma foram analisados. Os sobreviventes foram divididos em 2 grupos: aqueles que foram diagnosticados e tratados antes de 1 ano de idade e aqueles que foram diagnosticados com mais de 1 ano.
Os resultados dos sobreviventes foram comparados com os dos irmãos da mesma idade.
Dependendo da idade do diagnóstico e do tipo de terapia que receberam, verificou-se que os sobreviventes estavam em diferentes níveis de risco.
“Descobrimos especificamente que os sobreviventes tinham um risco de quase 80% de prejuízo na eficiência da tarefa. Quando pensamos na eficiência da tarefa, pensamos na velocidade de processamento e na rapidez com que alguém é capaz de executar uma tarefa”, explicaram os cientistas.
“Essas deficiências não dependem apenas da idade, mas também dos tipos de terapias que os pacientes receberam. Descobrimos que pacientes expostos a agentes quimioterápicos à base de platina apresentavam um maior risco de comprometimento”.
Entre os pacientes com 1 ano de idade ou menos, houve maior risco de comprometimento para aqueles tratados com quimioterapia com platina, com perda auditiva associada ao tratamento e condições neurológicas.
A boa notícia é que, se os pacientes, as famílias e as equipas médicas perceberem os sinais de comprometimentos cognitivos, existem intervenções que podem ajudar.
“Por exemplo, se um jovem estudante está a ter problemas com a organização ou na velocidade de processamento, pode ser que ele precise de uma maneira diferente de organizar o seu trabalho; essa mudança pode ajudá-lo a ser mais bem-sucedido.”
No futuro, os médicos devem estar cientes dos sinais e riscos do comprometimento cognitivo e discuti-los com os pacientes e com suas famílias. Se as famílias souberem que o comprometimento cognitivo do seu filho pode ser o resultado dos tratamentos que recebeu, poderão procurar um melhor apoio para ajudá-lo a ter sucesso.
Fonte: OncoNursing News