O legado de Alice: exame de sangue pioneiro pode ajudar no tratamento do rabdomiossarcoma

Alice Wakeling, uma criança inglesa, tinha apenas três anos quando foi diagnosticada com um rabdomiossarcoma, um tipo de cancro infantil raro que se desenvolve nos tecidos musculares ou fibrosos. Nos quatro anos seguintes, Alice realizou tratamentos que incluíram sessões intensas de quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Por um breve período, parecia que estava livre da doença. Contudo, teve uma recidiva e a pequena Alice acabou por não resistir e morreu em outubro de 2019, quando tinha sete anos.

Após a morte da criança, os seus pais, David e Sara Wakeling – que moram em Sevenoaks, Kent, no Reino Unido – criaram uma instituição, denominada Alice’s Arc, para arrecadar fundos para financiar investigações sobre o cancro infantil e ajudar pacientes e as suas famílias a lidar com o cancro, especificamente com o tipo de tumor que afetou a pequena Alice.

Investigação apoiada por fundos da Alice’s Arc indica que um simples exame de sangue pode ajudar a tratar o rabdomiossarcoma

Apoiados por fundos da Alice’s Arc, investigadores do Instituto de Investigação do Cancro (ICR, na sigla em inglês), em Londres, no Reino Unido, acabaram de descobrir, num estudo piloto, que um simples exame de sangue poderá, em breve, ser usado para avaliar a gravidade deste tipo de tumor, ajudar a orientar as escolhas de tratamentos e fornecer informações precoces que indicam uma recidiva da doença.

“Um dos principais problemas do rabdomiossarcoma, como de outros cancros infantis, é que é muito difícil de rastrear, e o potencial para usar marcadores sanguíneos – que estão a ser amplamente investigados para monitorizar cancros em adultos – não é claro”, disse Janet Shipley, professor de Patologia Molecular no ICR, que liderou o projeto de investigação.

“Isso torna difícil acompanhar o progresso da condição depois de detetada, para ver como os tratamentos estão a funcionar e identificar se ocorreu uma recaída”, acrescentou Shipley.

No entanto, a equipa do ICR conseguiu descobrir as principais alterações genéticas envolvidas no desenvolvimento do rabdomiossarcoma e utilizou-as para monitorizar o ADN do tumor que circula no sangue de um paciente. Essas biópsias líquidas têm o poder de tornar muito mais fácil monitorar a patologia, avaliar os tratamentos mais indicados e fornecer alertas precoces sobre possíveis recaídas.

O estudo, que também recebeu financiamento da KickCancer Foundation e da King Baudouin Foundation, foi publicado recentemente no Journal of Clinical Oncology – Precision Oncology, e o exame de sangue em causa está agora a ser avaliado num ensaio clínico internacional.

Todos os anos, cerca de 70 novos casos de rabdomiossarcoma são diagnosticados no Reino Unido. A taxa de sobrevivência geral é de cerca de 70%, o que parece muito bom. No entanto, se a doença se torna metastática ou há uma recidiva, o prognóstico costuma ser muito negativo.

Este exame de sangue pioneiro é, por isso, fundamental para aumentar ainda mais a taxa de sobrevivência à doença, sobretudo para os casos mais graves, por tornar mais fácil e rápido a monitorização do desenvolvimento do tumor antes e depois do tratamento. Adicionalmente, facilita a identificação de tratamentos específicos e precisos que são mais adequados para um paciente em particular.

Fonte: The Guardian

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