Os sobreviventes de cancro infantil correm um maior risco ter o seu funcionamento psicossocial prejudicado; ainda assim, nos últimos anos, o número de pesquisas que se concentraram nos resultados do tratamento do cancro ao nível dos efeitos psicossexuais é limitado.
Por esse motivo, um novo estudo qualitativo examinou o impacto percebido do cancro infantil nas relações românticas e na intimidade sexual / física de sobreviventes adultos de cancro infantil.
Através de entrevistas, os cientistas tentaram explorar o impacto do cancro infantil em relacionamentos românticos e na intimidade sexual / física. As transcrições verbais foram codificadas usando uma análise de conteúdo temática.
No total, foram entrevistados 40 sobreviventes de cancro infantil, com idades entre os 23 e os 42 anos; todos eles tinham sobrevivente entre 10 a 37 anos após o diagnóstico.
Em relação aos relacionamentos românticos, 60% dos participantes relataram que o cancro infantil teve um impacto negativo, enquanto 55% dos participantes relataram ter existido efeitos positivos; 25% dos participantes relataram que o cancro infantil não teve qualquer impacto na sua relação.
A carga negativa estava relacionada com problemas relacionados com a fertilidade, efeitos físicos e sentimentos de proteção emocional; em relação aos efeitos positivos, os sobreviventes admitiram que a experiência os fez criar novas perspetivas, ter uma maior maturidade e experimentar vínculos mais fortes com os parceiros.
No que diz respeito à intimidade sexual / física, 68% dos participantes relataram que o cancro infantil teve um impacto negativo, nomeadamente ao nível da imagem corporal, preocupações relacionadas à fertilidade e disfunção sexual / física. Já 33% dos participantes não relataram qualquer impacto.
“Este estudo tentou entender quais os efeitos, positivos ou negativos, que o cancro infantil tem nas relações de sobreviventes adultos. Percebemos que, ao nível da intimidade física, a doença teve efeitos predominantemente negativos”, disseram os cientistas.
No geral, o estudo defende que são necessárias mais pesquisas de forma a criar intervenções psicossexuais eficazes; para os cientistas, os prestadores de cuidados de saúde devem abordar rotineiramente esses tópicos nos cuidados de sobrevivência.
Fonte: Physician’s Weekly