“O cancro infantil não deixou de existir por causa da Covid-19”

Devido à COVID-19, um pouco por todo o mundo, as famílias estão a enfrentar desafios nunca antes vistos. Contudo, para as pessoas que têm que lidar com a doença oncológica, esses desafios podem ser ainda mais complicados.

Ter um filho diagnosticado com cancro é algo extremamente difícil para qualquer família, mas ter que receber essa terrível notícia duas vezes nos primeiros 4 anos de vida dos seus filhos é simplesmente devastador.

E foi isso que aconteceu a Allison e Joseph Richardson, um casal natural do Reino Unido, que, pouco tempo antes do Natal de 2019, receberam a notícia de que a sua filha Hannah, tinha sofrido uma recidiva.

A menina foi diagnosticada pela primeira vez com uma leucemia linfoblástica aguda quando tinha apenas 11 meses de idade; depois de ter respondido bem aos tratamentos, a criança pôde voltar a ser feliz, celebrando cada novo marco e aproveitando a escola com todos os seus amigos e amigas.

Até que, no ano passado, Hannah contraiu varicela; os seus pais não poderiam imaginar que por causa desta doença, a menina teria de ser entubada e colocada num ventilador durante uma semana, literalmente lutar pela sua vida, no Hospital Infantil de Leeds.

“Houve momentos em que achámos que a Hannah não iria sobreviver”.

Após alguns exames, os médicos descobriram que a leucemia linfoblástica aguda de Hannah tinha recidivado.

As complicações médicas decorrentes da varicela só vieram intensificar a ansiedade sentida pela família.

“Houve muitas complicações que atrasaram o curso dos tratamentos para a leucemia da Hannah. Quando, finalmente, o tratamento pôde prosseguir, estávamos numa posição em que tínhamos um espaço de 48 horas para perceber se a Hannah teria de enfrentar outra situação de vida ou morte”.

Apesar da sua vida estar a ser pautada por desafios extremamente desafiantes, Hannah mantém um grande sorriso no rosto. Mas, e embora a sua filha permaneça resiliente, Allison e Joseph continuam bastante preocupados com o diagnóstico e com os desafios adicionais que agora enfrentam devido à pandemia do novo coronavírus.

As restrições hospitalares significam que apenas um dos pais pode estar em contacto com a criança e que esse progenitor deve permanecer permanentemente na unidade hospital, de forma a evitar o contágio.

Hannah foi diagnosticada, pela primeira vez, quando tinha 11 meses de idade. – Fonte: DR

No caso da família Richardson, os progenitores optaram por ser Joseph a acompanhar cada passo de Hannah, o que fez com Allison não conseguisse ver a sua filha e o seu marido durante meses, o que deixou esta família “destroçada”.

Felizmente, pouco antes do quinto aniversário de Hannah, no final de abril, a menina foi autorizada a voltar para casa e, finalmente, a família conseguiu reunir-se.

“Foi muito estranho. Primeiro, ficámos aliviados, claro, mas depois o medo instalou-se. E se, ao lhe ser dada alta, a Hannah pudesse ser, de alguma forma, prejudicada pelo vírus? Eu continuo a trabalhar e isso acarreta muitos riscos”.

Atualmente, a menina aguarda um transplante de medula óssea ao qual ainda não pôde ser submetida devido á pandemia.

Felizmente, a Allison e Joseph têm contado com o apoio inesgotável da Candlelighters, uma organização de apoio a famílias afetadas pelo cancro infantil, que conheceram aquando do primeiro diagnostico de Hannah.

“As coisas agora estão diferentes; antes desta pandemia, falávamos cara a cara com os voluntários da Candlelighters, agora estamos a ter um apoio virtual. Obviamente, não é a mesma coisa, mas continua a ser extremamente útil poder falar e sentir o apoio de pessoas que sabem exatamente aquilo por que estamos a passar. Por mais que se sinta a falta de uma interação pessoal, todos nós entendemos perfeitamente que isso não pode acontecer”.

De acordo com Allison, a organização conseguiu tornar um mundo “que está despedaçado em algo bonito”.

“De repente, em todo o lado, só se fala de COVID-19. Mas a verdade é que todas as outras doenças continuam a existir. O cancro infantil não deixou de existir por causa da Covid-19, pelo contrário. Ele continua a existir e agora necessita, mais do que nunca, de mais apoios e de mais financiamento. É importante que não nos esqueçamos disso”.

Fonte: Yorkshire Post

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