Paula Towell trabalha como enfermeira pediátrica há mais de 30 anos – ao longo deste tempo, já tratou e acompanhou centenas (senão milhares) de crianças, o que leva a que lhe seja dado o nome de “Paula, a incrível”.
“Nos dias em que tudo parecia cinzento, bastava a enfermeira Paula aparecer no meu quarto, e tudo se iluminava. Ela mudava o meu humor, fazia-me esquecer que estava doente, numa cama de hospital. Há uma luz na Paula que é muito dificil de explicar, apenas se sente”, diz uma das suas pacientes, Kendall Wynne.
Esta enfermeira dedicou grande parte da sua vida a tratar crianças e famílias que passam pelo inimaginável. Essa dedicação fez com que a enfermeira criasse uma ligação profunda com a maioria dessas famílias.
“Às vezes, especialmente em casos de transplante, os resultados não são muito bons, e é aí que eu percebo que, apenas um sorriso, pode fazer toda a diferença na vida daquelas pessoas”, diz Paula.
Quando o desfecho é o pior, superar o desgosto é um caminho lento “e nem sempre fácil”.
“Nunca nos habituamos à morte de uma criança. É algo que não é suposto acontecer. E, para mim, mesmo com 30 anos de profissão, continua a ser muito dificil lidar com a perda. A única coisa que me motiva é saber que existem outras crianças que também precisam de mim”.
O sentimento é partilhado por Jodi Skiles, oncologista pediátrica, que viu toda a sua perspetiva de vida mudar quando foi mãe.
“Após ter sido mãe pela primeira vez, foi-me muito complicado desligar aquele ‘botão maternal’ – a primeira paciente que tive, a Madi, eu sentia que ela era a minha filha. Era uma bebé, diagnosticada com cancro… tudo aquilo mexeu comigo, ao ponto de não me conseguir desligar. Eu sentia-me a mãe daquela criança. Num mundo ideal, isso não acontece, mas a verdade é que todos somos pessoas”, disse a médica.
A batalha de Jodi é uma batalha com a qual a maioria dos médicos e enfermeiras têm de lutar.
“Conhecemos estas crianças e famílias muito bem – chegados ao hospital, eles passam a ser também a nossa família. Rimos, choramos, celebramos cada vitória juntos. Mas quando tudo corre mal, é nos nossos colegas de profissão que procuro apoio. Porque eles sentem, passam, vivem o mesmo que eu”.
Contudo, Jodi afirma que são essas mesmas contrariedades que alimentam a chama que ela usa para continuar a ajudar e a tratar crianças.
“Não há maneira de desistir, de parar. Pelo contrário, quando tudo corre mal, quando uma criança morre, é aí que penso no quão fundamental é a minha profissão. É aí que ganho forças para continuar, porque sei que a próxima criança vai ter que ser melhor tratada, melhor acompanhada… ganho forças para aprender mais, para fazer mais”.
É ao ver crianças como a Kendall e a Madi a prosperarem, que outro médico, Kent Robertson, percebe que tudo vale a pena.
“Isso faz tudo valer a pena. Essa é a nossa verdadeira missão – poder ver aquela criança a voltar à escola, a brincar, a ser feliz, a ter um futuro. Isso é, sem dúvida, o melhor salário de todos”.
Fonte: Wish TV