O cancro do fígado afeta aproximadamente 200 crianças a cada ano nos Estados Unidos, sendo que as opções de tratamento são limitadas se o tumor não puder ser completamente removido com cirurgia.
Embora possa ser utilizada a quimioterapia, este tipo de tratamento, geralmente, tem uma eficácia limitada e está associado a efeitos secundários significativos a curto e longo prazo.
Assim, existia uma necessidade urgente de encontrar estratégias terapêuticas para ajudar crianças com tumores no fígado.
E foi isso que uma equipa de médicos-cientistas do Baylor College of Medicine e do Hospital Infantil do Texas, ambas nos Estados Unidos, está a usar uma nova opção de tratamento para pacientes pediátricos com tumores no fígado: chamada Radioembolização Transarterial (TARA).
O TARE é um tratamento feito em duas etapas: numa primeira, é injetado um corante numa artéria que viaja para o fígado e identifica e mapeia o suprimento de sangue para o tumor. O mapa definido é então utilizado para administrar uma dose elevada de radiação diretamente no tumor através do vaso sanguíneo que alimenta o tumor, poupando, desse modo, tecido hepático vizinho e saudável.
Há vários anos que este procedimento está disponível para pacientes adultos com câncer de fígado, e agora o Dr. Kamlesh Kukreja, professor assistente de radiologia do Baylor College of Medicine, lidera uma equipa que realiza este procedimento em crianças.
“No momento em que os pacientes pediátricos com cancro no fígado são diagnosticados, os seus tumores geralmente estão muito grandes ou complexos para consideração cirúrgica”, disse o médico.
“O TARE permite-nos controlar melhor o tumor para evitar que ele se espalhe ainda mais, ou encolher o tumor para um tamanho que pode ser otimizado para ressecção”, explicou.
Como o tratamento permite a entrega de isótopos radioativos diretamente ao tumor, a terapia é mais bem tolerada do que a quimioterapia. Além disso, o tratamento é feito numa única vez e pode ocorrer em ambiente ambulatorial.
“O TARE pode ajudar algumas crianças com tumores que não possíveis de ressecar, diminuindo o tamanho do tumor e permitindo a ressecção do tumor. Para as crianças com cancro do fígado inoperável, o TARE oferece uma medida alternativa de cuidados paliativos, dando à criança mais tempo com a sua família e uma experiência terapêutica mais confortável”, afirmou o médico.