Investigadores do Seattle Children’s Research Institute (EUA) e do SickKids – The Hospital for Sick Children (Canadá) anunciaram um avanço no tratamento da leucemia linfoblástica aguda de células B (B-ALL), o tipo de cancro infantil mais comum. Um ensaio clínico global demonstrou que a adição de blinatumomab, um anticorpo monoclonal, ao regime padrão de quimioterapia aumenta significativamente a sobrevivência livre de doença em crianças recém-diagnosticadas.
Resultados promissores
Os dados, apresentados na reunião anual da American Society of Hematology e publicados no The New England Journal of Medicine, mostraram que:
- Crianças tratadas com blinatumomab têm 61% menos probabilidade de recaída em comparação com as que receberam “apenas” quimioterapia.
- A taxa de sobrevivência livre de doença em três anos aumentou de 87% para 96%.
“Estes resultados são um marco e poderão alterar o padrão de tratamento para crianças com B-ALL,” afirmou a Rachel Rau, uma das líderes do estudo.
O estudo
O ensaio envolveu 4264 crianças com B-ALL, de 228 localidades em todo o mundo, coordenado pelo Children’s Oncology Group (EUA), a maior organização global de investigação em cancro pediátrico.
Todas as crianças começaram por receber quimioterapia de indução padrão, um tratamento inicial para reduzir a carga do tumor. Depois, foram divididas em três grupos com base no risco de recaída.
As crianças classificadas como risco médio ou elevado foram aleatoriamente designadas para dois tipos de tratamento: quimioterapia isolada ou combinada com dois ciclos de blinatumomab, um anticorpo monoclonal que demonstrou ser eficaz, neste contexto.
Um passo em direção a tratamentos menos tóxicos
Embora a quimioterapia padrão tenha taxas de sobrevivência elevadas, muitos pacientes recaem, o que representa uma das principais causas de mortalidade infantil por cancro. Este ensaio foi o primeiro a utilizar blinatumomab em crianças recém-diagnosticadas, demonstrando a eficácia deste imunoterapêutico.
Os investigadores planeiam, agora, explorar a substituição de partes mais tóxicas da quimioterapia por terapias imunitárias como o blinatumomab, potencialmente reduzindo efeitos secundários e melhorando a qualidade de vida dos jovens pacientes.
“Esta descoberta é uma nova esperança para melhorar os tratamentos de crianças em todo o mundo,” concluiu o Doug Hawkins, investigador sénior no Seattle Children’s.
Fonte: The Malaysian Reserve