Novo teste ao sangue pode prever risco de doença cardíaca, em sobreviventes de cancro pediátrico

Investigadores do St. Jude Children’s Research Hospital (EUA) desenvolveram um painel de 27 proteínas que, através de um simples teste ao sangue, pode prever o risco de cardiomiopatia em sobreviventes de cancro pediátrico. Estes resultados foram obtidos no âmbito do estudo St. Jude LIFE, que acompanha o impacto a longo prazo do cancro pediátrico, e publicados na revista científica JACC: CardioOncology.

Cardiomiopatia em sobreviventes

A cardiomiopatia, uma doença que afeta o músculo cardíaco, é um efeito tardio comum em sobreviventes de cancro pediátrico tratados com quimioterapia à base de antraciclinas, como a doxorrubicina. Apesar da sua eficácia no combate a cancros sólidos e hematológicos, este tipo de tratamento apresenta riscos significativos:

    • Aumenta entre duas a cinco vezes a probabilidade de desenvolver doenças cardíacas.
    • Após o diagnóstico de cardiomiopatia, a taxa de sobrevivência aos cinco anos é inferior a 50%.

Os métodos atualmente utilizados para avaliar o risco de cardiomiopatia, como os ecocardiogramas regulares, têm limitações na deteção precoce. O diagnóstico, muitas vezes, só ocorre numa fase em que o tratamento curativo já não é possível.

O novo teste ao sangue

A equipa, liderada por Yadav Sapkota, identificou 27 proteínas no sangue que funcionam como biomarcadores de risco de cardiomiopatia. Estas proteínas foram encontradas através da análise de mais de 800 proteínas em sobreviventes de cancro pediátrico com disfunção cardíaca subclínica (redução da função cardíaca sem sintomas visíveis).

O estudo piloto analisou 98 sobreviventes com cardiomiopatia, comparando-os com um grupo sem a doença. O teste revelou-se promissor ao prever o risco em 38 de 46 sobreviventes, demonstrando a sua precisão.

Próximos passos

Com base nos resultados iniciais, os investigadores planeiam expandir o estudo para incluir quase 5 mil participantes do St. Jude LIFE, avaliando não só a cardiomiopatia, mas também outros efeitos tardios, como diabetes e segundos cancros.

“Este recurso vai ser essencial para prever e prevenir várias complicações a longo prazo em sobreviventes de cancro pediátrico”, concluiu Sapkota.

Impacto futuro

Este avanço representa um passo importante para melhorar os cuidados a longo prazo de sobreviventes de cancro pediátrico, possibilitando intervenções precoces e personalizadas que vão poder a salvar vidas e melhorar a qualidade de vida destas crianças e jovens.

Fonte: News Medical Life Sciences

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