Crianças com cancro podem vir a beneficiar de um novo método que, pela primeira vez, permitirá que os médicos personalizem os tratamentos.
O método de monitorização terapêutico de fármacos, desenvolvido por especialistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, permite que os médicos obtenham informações vitais sobre a quantidade de quimioterapia que cada paciente jovem deve receber.
Os jovens diagnosticados com cancro, incluindo bebés nas primeiras semanas de vida, podem ser particularmente difíceis de tratar, pois é difícil saber quanta quimioterapia deve ser administrada.
Às vezes, os médicos precisam tomar decisões difíceis sobre a dose mais adequada de um medicamento, sem informações científicas suficientes que os ajudem a decidir o melhor curso de ação.
Monitorização de fármacos
O serviço foi montado a pedido de médicos do Great North Children’s Hospital, em Newcastle, e de outros centros de tratamento primário de cancro infantil no Reino Unido.
Este novo método funciona através da recolha amostras de sangue após a quimioterapia ser administrada no primeiro dia de tratamento. As amostras são analisadas em tempo real para medir a exposição individual do paciente ao medicamento, sendo os resultados gerados usados para ajustar a dose de acordo.
A quantidade de quimioterapia administrada nos dias subsequentes é então definida para garantir que o paciente receba uma dose com maior probabilidade de ser eficaz, mas sem causar muita toxicidade.
“Estabelecer a dose correta de tratamento contra o cancro em pacientes muito jovens tem sido um grande desafio clínico, já que as mudanças fisiológicas no desenvolvimento podem ter um impacto marcante sobre o efeito de um medicamento”, disse Gareth Veal, um dos investigadores.
“Se o paciente está sub-administrado, então o tumor pode não responder ao tratamento, enquanto que se o paciente sofrer uma overdose, é provável que experimente um maior número de efeitos secundários indesejados”, explicou.
“É difícil prever o que acontece com um fármaco após a sua administração em termos de quão eficientemente ele é. O nosso método de monitorização terapêutica envolve a medição dos níveis de fármacos em pacientes com cancro infantil durante o tratamento e a modificação da dose do medicamento que eles recebem para ajudar a fornecer o melhor resultado clínico”.
A importância deste novo método
Antes do atendimento, os médicos calculavam a dose de quimioterapia do bebé ou da criança segundo o seu peso e idade, com um modelo do tipo “tamanho único”.
“O método de monitorização de fármacos terapêuticos transformou a forma como os pacientes com cancro jovens são tratados e os resultados positivos que eles têm. Antes era uma espécie de jogo de adivinhação quanto à dose mais apropriada de quimioterapia para cada criança, enquanto agora podemos ter certeza de que a dose que estamos a administrar é a correta”, explicou a investigadora Gail Halliday.
“É vital que façamos tudo o que pudermos para dar a cada paciente a melhor hipótese de responder eficazmente ao tratamento, minimizando a probabilidade de surgirem efeitos secundários indesejados. Graças à Universidade de Newcastle, existe uma confiança redobrada de que estamos a alcançar um padrão de ouro no que toca ao tratamento do cancro infantil”.
A necessidade de mais pesquisas
O serviço tem funcionado no Great North Children’s Hospital nos últimos anos, mas agora o National Institute for Health Research forneceu fundos para que a Universidade de Newcastle realize um estudo, com a duração de 3 anos, para que o serviço possa ser expandido a nível nacional.
Esta expansão não só terá um “impacto positivo nos pacientes recrutados para o estudo, mas também irá gerar dados que terão um impacto significativo no tratamento futuro dos pacientes através da disponibilização de diretrizes nacionais para fármacos anticancerígenos em populações de pacientes definidos.”