Um artigo publicado na revista Cancer descreveu um estudo onde foi utilizado um novo método que analisa as redes sociais de sobreviventes de cancro infantil, e os resultados foram surpreendentes.
De acordo com a investigação realizada pelo St. Jude Children's Research Hospital, nos Estados Unidos, os sobreviventes de cancro infantil têm, muitas vezes, redes sociais mais “fortes”, ao nível do apoio emocional, do que os seus colegas que não sofreram de cancro; esta foi uma descoberta positiva pois, segundo os investigadores os sobreviventes precisam de “conexões sociais saudáveis”.
Graças a um método denominado índice de rede social funcional, este foi o primeiro estudo a quantificar desta forma as redes sociais de sobreviventes de cancro e a compará-las com a de adolescentes que não tinham tido cancro. Em vez de medir apenas a estrutura das redes sociais, analisando “quem conhece quem”, o estado civil ou a associação dos utilizadores a vários grupos, este índice também mede as redes sociais como uma fonte de apoio emocional de amigos e parentes, bem como o nível de conselhos sobre o controlo de peso e atividade física.
A investigação analisou as redes sociais de 102 sobreviventes de cancro infantil, com idades entre os 18 e os 30 anos, e as redes de um grupo similar de 102 jovens sem historial de cancro. Cada um dos participantes disponibilizou informações detalhadas sobre a sua conexão social com até 25 amigos e parentes.
Em comparação com os participantes do grupo sem historial de cancro, o índice mostrou que, enquanto grupo, os sobreviventes de cancro infantil tinham mais recursos disponíveis no que toca a apoio emocional e prático, o que “faz sentido, pois, por causa do cancro, é frequente os sobreviventes terem uma forte rede de médicos, amigos e parentes que fornecem conselhos e apoio”, disseram os investigadores.
A força da rede de apoio variou de acordo com o diagnóstico, com os sobreviventes de linfomas a ocuparem um lugar mais elevado no índice de rede social, seguidos pelos sobreviventes de leucemia e tumores sólidos. Um índice de rede social mais elevado foi também associado a melhores habilidades para enfrentar a vida e menor tendência para comportamentos destrutivos.
Apenas os sobreviventes de cancro no cérebro e do sistema nervoso central tinham redes sociais mais “fracas” do que o grupo sem historial de cancro o que, segundo os investigadores, se explica pelo facto destes sobreviventes poderem ser obrigados a enfrentar mais problemas neuro-cognitivos relacionados com o tratamento, algo que torna a comunicação e a formação de redes sociais mais difícil.
A equipa trabalha agora na simplificação do índice para facilitar aos provedores de cuidados de saúde a avaliação do suporte disponível para os sobreviventes de cancro de qualquer idade.
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