Novo estudo revela mecanismo responsável por metástases do meduloblastoma

Uma nova investigação pode ter descoberto a causa-chave da formação de metástases numa forma agressiva de cancro cerebral em crianças, o meduloblastoma, e abrir portas ao desenvolvimento de uma nova terapia potencial para o tratamento desses tumores no futuro.

Num artigo publicado na revista Nature Cell Biology, médicos e cientistas da Universidade de Pittsburgh e do Hospital Infantil UPMC de Pittsburgh, nos Estados Unidos, descobriram que os meduloblastomas “sequestram” uma habilidade que as células cerebrais normais usam durante o seu desenvolvimento inicial e depois a manipulam para ajudar os tumores a espalharem-se.

“Crianças com meduloblastomas que ainda não metastatizaram podem ter uma alta probabilidade de sobrevivência a longo prazo, mas, se esses tumores se espalharem, a taxa de sobrevivência é significativamente reduzida”, explicou o principal autor do estudo, o Dr. Baoli Hu.

Os tumores cerebrais são a principal causa de morte por cancro em crianças. O tumor cerebral infantil maligno mais comum é o meduloblastoma, que se forma numa região do cérebro chamada cerebelo. Os meduloblastomas são comumente tratados com cirurgia seguida de radiação e quimioterapia, mas, em até um terço das crianças, o tumor sofre metástases para tecidos e órgãos. Quando as células tumorais metastizam, os tratamentos não funcionam mais e os resultados ficam comprometidos.

Para saber como as células do meduloblastoma metastizam, Hu e a sua equipa usaram dados de pacientes e ratinhos de laboratório com esse tipo de tumor. E descobriram que os níveis de um gene chamado SMARCD3 foram significativamente maiores em tumores metastáticos, em comparação com aqueles que não se espalharam.

Eles também mostraram que o SMARCD3 sequestra as vias de sinalização do neurodesenvolvimento para promover a disseminação das células tumorais. Essas vias são usadas por células cerebrais saudáveis durante o desenvolvimento cerebelar inicial e são desligadas quando o cerebelo amadurece.

Em seguida, os investigadores controlaram essas vias com o medicamento dasatinib, que foi aprovado para tratar a leucemia. Num modelo de medulobastoma em ratinhos, o dasatinibe matou preferencialmente tumores metastáticos com níveis mais altos de SMARCD3, sugerindo que o medicamento causa pouco ou nenhum dano às células cerebrais normais e pode ser seguro para o tratamento de pacientes com metástases de meduloblastoma.

“Temos abordado a metástase do meduloblastoma da perspetiva da neurociência e na compreensão de como o desenvolvimento anormal do cérebro causa e influencia os tumores cerebrais”, disse Hu. “Essa abordagem ajudou a identificar os mecanismos fundamentais da metástase do meduloblastoma, o que nos ajudará a desenvolver tratamentos seguros, eficazes e personalizados para crianças com esse cancro cerebral”, concluiu o cientista.

Fonte: UPMC

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