Investigadores do Karolinska Institutet e do Astrid Lindgren Children’s Hospital (Suécia) descobriram que o sistema imunitário das crianças reage de forma diferente ao cancro consoante a idade. O estudo, publicado na Cell, pode abrir caminho para tratamentos mais eficazes e personalizados para crianças com cancro.
O papel do sistema imunitário no cancro pediátrico
O sistema imunitário é fundamental para combater o cancro, mas a forma como é ativado em crianças difere da dos adultos. A investigação analisou 191 crianças, dos zero aos 18 anos, diagnosticadas com tumores sólidos entre 2018 e 2024.
Os investigadores estudaram amostras de sangue e tecido tumoral para perceber quais os genes ativados no sistema imunitário e as mutações genéticas dos tumores.
Segundo os resultados, os tumores pediátricos:
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- São menos inflamatórios e apresentam menos mutações do que os de adultos.
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- Parecem menos estranhos ao sistema imunitário, o que pode dificultar a sua deteção e eliminação.
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- Variam muito de criança para criança, reforçando a necessidade de tratamentos personalizados.
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Porque é que a imunoterapia tradicional não funciona em crianças?
As imunoterapias, que ajudam o sistema imunitário a atacar o cancro, são eficazes em adultos, mas não têm o mesmo efeito em crianças. Isto acontece porque as células imunitárias das crianças, muitas vezes, não estão inicialmente ativadas contra o tumor.
Para que a imunoterapia funcione, será necessário desenvolver tratamentos que estimulem o sistema imunitário infantil desde o início, tornando-o mais agressivo contra as células tumorais.
Um passo para tratamentos personalizados
Os investigadores acompanharam a evolução do sistema imunitário de algumas crianças ao longo do tratamento e observaram mudanças nas células T assassinas, responsáveis por eliminar células cancerígenas.
A capacidade de monitorizar esta resposta imunitária em tempo real pode permitir ajustar os tratamentos de forma individualizada, melhorando a eficácia da terapia. Os próximos passos da investigação passarão por testar esta abordagem numa escala maior.
Este estudo representa um avanço significativo na compreensão do cancro pediátrico e na adaptação dos tratamentos ao sistema imunitário das crianças, trazendo novas esperanças para o desenvolvimento de terapias mais eficazes.
Fonte: Medical Xpress