Novo “atlas celular” revela como os tumores de neuroblastoma mudam durante o tratamento

Investigadores do Children’s Hospital of Philadelphia (EUA) desenvolveram o primeiro atlas celular do neuroblastoma — um dos cancros pediátricos mais comuns e agressivos — para compreender melhor porque é que certos tratamentos deixam de funcionar com o tempo. O estudo, agora publicado na revista Nature Genetics, oferece novas pistas que podem abrir caminho para abordagens mais personalizadas e eficazes.

Apesar dos avanços no tratamento, a taxa de sobrevivência aos cinco anos em casos de neuroblastoma de alto risco continua abaixo dos 50%. Uma das dificuldades é que as células do tumor podem ser muito diferentes umas das outras, mesmo no mesmo doente, o que dificulta a eficácia dos tratamentos.

Utilizando técnicas avançadas de sequenciação de célula única e “spatial omics”, a equipa analisou tumores de 22 crianças com neuroblastoma antes e depois da quimioterapia inicial. Este mapeamento detalhado revelou como os diferentes tipos de células (cancerígenas e do sistema imunitário) interagem e se transformam ao longo do tratamento.

O estudo mostrou que tumores com células a multiplicarem-se rapidamente ou com maior atividade metabólica estavam associados a piores prognósticos. Em contraste, tumores com características mais maduras e semelhantes a neurónios apresentaram melhores resultados clínicos.

Outro dado importante foi a associação entre o aumento de células tumorais com características mesenquimatosas e uma menor resposta à quimioterapia. Além disso, os investigadores identificaram alterações em células do sistema imunitário, como os macrófagos, que passaram a desempenhar um papel na promoção do crescimento tumoral — ajudando, por exemplo, à formação de novos vasos sanguíneos e suprimindo a resposta imunitária.

Foi ainda identificado um canal de comunicação específico (HB-EGF/ERBB4) entre macrófagos e células tumorais que estimula sinais de crescimento do tumor. Este achado está agora a ser testado em modelos pré-clínicos com o objetivo de o transformar, futuramente, numa estratégia terapêutica inovadora.

Este trabalho, desenvolvido no âmbito da Human Tumor Atlas Network (HTAN), representa um esforço colaborativo entre cientistas, clínicos e especialistas em computação. Para a equipa do CHOP, este é um passo fundamental para compreender melhor o microambiente tumoral do neuroblastoma e encontrar novas formas de personalizar os tratamentos para cada criança.

Fonte: Medical Xpress

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