Nova ferramenta ajuda a avaliar qualidade de vida de sobreviventes de cancro infantil

Investigadores internacionais desenvolveram uma nova ferramenta de avaliação que ajuda a analisar a taxa de sobrevivência de crianças com cancro infantil, bem como a qualidade de vida dos sobreviventes. O estudo foi publicado na revista Nature Medicine.

Cientistas do Princess Máxima Center for Pediatric Oncology, nos Países Baixos, avaliaram pacientes e sobreviventes de cancro em idade pediátrica para desenvolver um conjunto de indicadores de resultados que medem os problemas de saúde, psicológicos e neurológicos que podem ter a longo prazo. Ao tornar mensurável o equilíbrio entre sobrevivência e qualidade de vida, os indicadores ajudam a melhorar o atendimento a crianças com cancro e sobrevivente.

Existem muitos tipos de cancro infantil e as consequências dos tratamentos e da doença na idade adulta podem variar de forma significativa. Algumas crianças ou adultos após sobreviverem ao cancro infantil vivenciam diariamente as consequências da doença ou do tratamento, tanto ao nível físico e psicossocial, quanto neurocognitivo. Por outro lado, outros têm poucos efeitos tardios e podem viver as suas vidas como qualquer pessoa que não teve a doença. Quanto mais dados relevantes estiverem disponíveis neste âmbito, mais eficazes serão os tratamentos e com menos efeitos adversos, sublinharam os cientistas.

A iniciativa que levou ao desenvolvimento desta nova ferramenta surgiu de um projeto do Princess Máxima Center for Pediatric Oncology, em parceria com o St. Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos.

Os investigadores entrevistaram mais de 450 especialistas em oncologia pediátrica em todo o mundo, bem como pessoas que tiveram doenças oncológicas na infância. A ferramenta analisa 24 indicadores clinicamente relevantes para 18 tipos de cancro infantil.

“Especialmente agora que a sobrevida do cancro pediátrico está a melhorar de forma significativa, a atenção à qualidade da vida é muito importante. Juntos, selecionámos indicadores físicos, psicossociais e neurocognitivos. Certos resultados da avaliação com base nos indicadores analisados estiveram relacionados com quase todos os tipos de cancro infantil: insuficiência cardíaca, desenvolvimento de um segundo tumor, fertilidade e qualidade de vida psicossocial. Agora, existe um bom consenso internacional sobre os resultados que determinam a qualidade da sobrevivência e dizem algo sobre a qualidade dos cuidados que prestamos”, afirmou Rebecca van Kalsbeek, do Princess Máxima Center.

“Com o desenvolvimento desta ferramenta, queremos ter também em conta a qualidade do atendimento ao mais alto nível, enquanto maior centro de oncologia pediátrica da Europa. Quais são os resultados dos cuidados e tratamentos que prestamos? Como podemos melhorar ainda mais os nossos cuidados durante e após o tratamento do cancro pediátrico? O que é importante ter em conta para os pacientes na idade adulta e velhice? Utilizando indicadores de resultado, agora tornamos a qualidade do nosso atendimento e a saúde da criança curada claramente mensuráveis e comparáveis com outros hospitais. Isso faz parte da missão do Princess Máxima Center, curar todas as crianças com cancro e assegurar-lhes uma ótima qualidade de vida”, destacou o Dr. Rob Pieters, diretor médico do Princess Máxima Center.

Quando os indicadores de resultados são monitorizados e avaliados sistematicamente, torna-se possível melhorar os cuidados baseados em evidências durante e após a ocorrência do cancro infantil, afirmaram os autores do estudo.

“Como os tumores pediátricos são relativamente raros, é muito importante colaborar internacionalmente. A robustez deste projeto de indicadores de resultados é fruto da colaboração entre pessoas de diferentes formações. Sobreviventes e oncologistas pediátricos, especialistas em enfermagem e (neuro)psicólogos, entre outros, contribuíram com as suas próprias perspetivas e, juntos, concordamos sobre quais resultados são importantes avaliar para crianças com doença oncológica e sobreviventes”, concluiu o Dr. Leontien Kremer, do Princess Máxima Center.

Fonte: News Medical

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