Neutropenia pós-operatória associada a maior risco de infeções em crianças com leucemia

Pacientes pediátricos com leucemia mieloide aguda (LMA) e outras leucemias, sobretudo aqueles que registam neutropenia – nível muito baixo de neutrófilos, um tipo de glóbulo branco que ajuda no combate das infeções destruindo bactérias e fungos – persistente durante os primeiros 30 dias de pós-operatório, têm um risco aumentado de desenvolver infeções precoces da corrente sanguínea relacionadas com o cateter (CRBSI, na sigla em inglês), de acordo com um estudo realizado em Singapura.

Verificou-se também que, “ao contrário do pensamento estabelecido, baixas contagens absolutas de neutrófilos no pré-operatório e a não administração de antibióticos no pré-operatório não foram associadas a taxas mais altas de CRBSI precoce”, disseram os investigadores.

Este estudo foi realizado com base numa análise retrospetiva dos registos nacionais de pacientes com cancro pediátrico recém-diagnosticados que estiveram sob protocolos perioperatórios padronizados nos quais apenas o uso de antibióticos não foi regulamentado. Os investigadores avaliaram a associação de fatores pré-operatórios e hemograma pós-operatório com a incidência de CRBSI pós-operatória passados 30 dias da cirurgia.

Durante uma média de 14 dias de pós-operatório, 17 CRBSI ocorreram entre 243 pacientes. CRBSI iniciais mostraram uma correlação significativa com o tipo de cancro (LMA e outros leucemias vs. tumores sólidos e linfomas; leucemia linfoblástica aguda vs. tumores sólidos e linfomas).

Em contraste, antibióticos pré-operatórios, contagens absolutas de neutrófilos e contagens de glóbulos brancos não foram significativamente associados a taxas mais altas de CRBSI precoce.

Diferenças significativas também foram observadas nas contagens absolutas de neutrófilos no pós-operatório de 30 dias e tendências de glóbulos brancos entre pacientes com leucemia linfoblástica aguda e tumores sólidos e linfomas, bem como entre LMA e outras leucemias e tumores sólidos e linfomas. Observou-se também que os pacientes com LMA e outras leucemias registaram neutropenia mais prolongada durante esse período.

“As nossas descobertas não apoiam o uso de antibióticos pré-operatórios e, em vez disso, identificam a neutropenia pós-operatória prolongada como um importante fator contribuinte para CRBSI precoce”, afirmaram os investigadores. 

Os resultados deste estudo corroboram os de uma investigação de 2014 (Pediatric Blood Cancer 2014;61:1811-1815), que não encontrou benefício da terapia antibiótica adjuvante (ALT, na sigla em inglês) em pacientes com CRBSI, afirmaram os cientistas. 

O autor principal deste estudo de 2014, Joshua Wolf, do Departamento de Doenças Infeciosas do St Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos, e a sua equipa conduziram um estudo de coorte retrospetivo sobre o uso de ALT para o tratamento de CRBSI em pacientes pediátricos de hematologia/oncologia na sua instituição entre 2006 e 2012.

Na altura, os autores chegaram à conclusão de que este “estudo retrospetivo foi incapaz de identificar qualquer benefício da ALT adjuvante em pacientes oncológicos pediátricos com CRBSI”, tendo afirmado que “as evidências disponíveis não suportam o uso rotineiro de ALT”.

Fonte: Specialty

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