De acordo com uma nova investigação, cientistas da Universidade de Newcastle podem ter feito uma descoberta que ajudará no avanço do tratamento de um tipo de cancro infantil bastante comum.
O estudo internacional encontrou, pela primeira vez, um marcador genético em tumores de pacientes com neuroblastoma de alto risco.
A investigação, publicada no Journal of Clinical Oncology, identificou que as alterações no gene do neuroblastoma ALK estão associadas a um prognóstico significativamente pior para crianças com doença de alto risco.
Os especialistas afirmam que “em casos em que conseguirmos identificar esse marcador genético, os pacientes devem passar a receber inibidores de ALK, uma vez que isso trará uma maior probabilidade de cura”.
Para Deborah Tweddle, a principal autora, “ao identificar o ALK como um marcador genético associado à probabilidade de um pior resultado no grupo de pacientes de alto risco, isso significa que podemos tratar estes pacientes de forma diferente desde a altura do diagnóstico”.
“O mais empolgante”, afirma a investigadora, “é que existem novos tratamentos que têm como alvo a própria proteína ALK, usada em outros tipos de cancro que agora podem ser usados em pacientes com neuroblastoma de alto risco com anomalias no gene ALK”.
No artigo publicado, a autora defende que “esta investigação é um excelente exemplo de medicina personalizada. Ao tratar os pacientes com uma anomalia genética de ALK com um inibidor de ALK, estamos a adaptar o tratamento ao tipo de tumor individual dos pacientes.”
“Por sua vez, ao combinar um inibidor de ALK com outros tratamentos que atualmente administramos em pacientes com neuroblastoma de alto risco, esperamos ser capazes de curar mais pacientes com esta doença”.
O neuroblastoma é um cancro do sistema nervoso que afeta principalmente crianças com menos de 5 anos.
Na maioria dos casos, o neuroblastoma desenvolve-se na glândula adrenal. Em cerca de metade dos casos, na altura do diagnóstico, o cancro já tem metástases – nesses casos de alto risco, a probabilidade de sobrevivência é de apenas 50%.
Infelizmente, apenas metade das crianças vive mais de 5 anos após o diagnóstico, apesar do tratamento agressivo, que inclui quimioterapia, cirurgia, radioterapia e imunoterapia.
Vários países europeus participaram neste estudo, que foi apoiado financeiramente pelas organizações Solving Kids Cancer e Neuroblastoma UK.
Os especialistas realizaram testes de ALK no maior número possível de casos de neuroblastomas de pacientes tratados durante a investigação e combinaram esses dados com os de laboratórios nacionais de referência genética de 19 outros países.
O estudo mostrou que as mutações ALK estão presentes em cerca de 14% dos pacientes recém-diagnosticados com neuroblastoma de alto risco, e quase 4% têm amplificação desse gene.
Mais importante, essas anomalias estão associadas a uma menor taxa de sobrevivência e, desta forma, são marcadores de prognóstico importantes que podem ser direcionados pelo tratamento.
“Como parte do próximo ensaio clínico europeu para neuroblastoma de alto risco, vamos tratar todos os pacientes com uma anomalia de ALK encontrada em seu tumor com um inibidor de ALK, além do tratamento padrão”, afirmou Deborah Tweddle.
A descoberta surge após a criação do Newcastle University Cancer Fund, um novo esforço de angariação de fundos que pretende inspirar a próxima geração de investigadores na área da oncologia a trabalhar em Newcastle, de forma a beneficiar, não só, pessoas da região, mas também de todo o mundo.
Fonte: Eurekalert