Uma pesquisa liderada pelo Children’s Cancer Institute australiano, que juntou investigadores dos 4 cantos do mundo, pode ter aberto novas portas para o tratamento do neuroblastoma infantil, ao descobrir um novo, e ainda inexplorado, alvo nas células cancerígenas para o qual os medicamentos terapêuticos podem ser direcionados.
O neuroblastoma é o cancro que mais crianças, com menos de 5 anos, mata.
Um dos fatores que torna o neuroblastoma um cancro de “alto risco” em crianças são os altos níveis de uma molécula conhecida como oncogene MYCN. Apesar de estarem cientes da importância do MYCN, os cientistas ainda não conseguiram descobrir um fármaco capaz de silenciar este oncogene; em vez disso, o foco tem sido encontrar moléculas que trabalhem em conjunto com o MYCN, que podem ser mais fáceis de atingir.
A nova investigação, publicada na revista Nature Communications, identificou uma dessas moléculas alvo.
Ao analisar centenas de amostras de tumores de crianças com neuroblastoma, os cientistas descobriram que altos níveis de um tipo de RNA não codificante, intitulado lncNB1, são um marcador de mau prognóstico; por outras palavras, crianças cujos tumores apresentam altos níveis de lncNB1 tendem a ter piores resultados.
Nesta pesquisa, realizada em ratos, os cientistas não apenas conseguiram mostrar que o lncNB1 promove ativamente o crescimento e a sobrevivência das células de neuroblastoma, como também demonstraram que inibir a expressão dessa molécula faz com que as células do neuroblastoma sejam eliminadas e com que os tumores parem de crescer e regridam.
“Esta pesquisa abre as portas para o desenvolvimento de novas terapias direcionadas que, esperamos, possam ser realizadas em ensaios clínicos em crianças com neuroblastoma de alto risco”, disse Tao Liu, um dos autores do estudo e investigador no Children’s Cancer Institute.
“As terapias direcionadas são projetadas para atingir especificamente células cancerígenas enão células saudáveis; por esse motivo, são muito mais seguras e eficazes do que a quimioterapia convencional. Estas terapias são, estamos confiantes nisso, o futuro”.
Nas últimas décadas, foi demonstrado que vários genes codificadores de proteínas trabalham em estreita colaboração com o MYCN para promover o crescimento agressivo de tumores. No entanto, muito pouco se sabe sobre o papel das moléculas de RNA longas e não codificantes nos cancros direcionados ao MYCN.
Além de descobrir o papel do lncNB1, o presente estudo também descobriu que vários outros RNAs não codificadores longos são superexpressos em células de neuroblastoma acionadas por MYC, o que aumenta a possibilidade de que mais alvos terapêuticos possam ser identificados num futuro próximo.
“Esperamos que, com a continuação desta investigação, sejamos capazes de desenvolver tratamentos aprimorados para crianças com cancro. Queremos, não só, curar mais crianças, como dar aos sobreviventes uma melhor qualidade de vida”.
Fonte: Science Daily