Neuroblastoma: excesso de ferro pode promover morte de células cancerígenas

O neuroblastoma é um tipo de cancro que se desenvolve no tecido nervoso, mais comummente nas glândulas ao redor dos rins.

O gene MYCN é expresso entre 20 a 25% de todos os casos diagnosticados de neuroblastomas; mais, em casos em que este gene existe, a taxa de sobrevivência torna-se consideravelmente menor, de acordo com algumas investigações.

Por esse motivo, cientistas da Virginia Commonwealth University, nos Estados Unidos, receberam uma bolsa de investigação da American Cancer Society que lhes deu a possibilidade de estudar de que forma este gene relacionado com um excesso de ferro podem levar à morte de células cancerígenas em casos de neuroblastoma.

Os cientistas acreditam que, com esta investigação, podem vir a descobrir novas formas de tratamento.

“Simplificando, podemos dizer que o ferro é uma faca de dois gumes para as células cancerígenas. Este nutriente pode ajudar o cancro a crescer e a sobreviver, mas também é capaz de criar moléculas tóxicas no interior das células cancerígenas, intituladas espécies reativas de oxigénio”, explicou Anthony Faber, o principal autor da investigação.

As espécies reativas de oxigénio são moléculas químicas altamente instáveis ​​que reagem com outras moléculas dentro de uma célula e causam danos aos genes e morte celular.

A ferroptose é um tipo de morte celular recentemente descoberto que é amplamente influenciado pela acumulação de ferro.

Anthony Faber disse que há um conhecimento científico relativamente pequeno sobre a ferroptose, sendo que esse conhecimento é ainda menor quando se fala sobre quais os tipos de cancro que podem ser propensos a fármacos indutores de ferroptose.

Através desta investigação, publicada na revista Cancer Research, os cientistas foram capazes de determinar que o gene MYCN cria uma vulnerabilidade a fármacos que induzem a ferroptose, uma vez que este gene usa uma grande quantidade de ferro para ajudar a alimentar a célula cancerígena, fazendo com que esta cresça descontroladamente.

Ao aumentar os sistemas que removem toxinas a um nível celular, o MYCN gera tanto ferro que também inicia uma fraqueza a fármacos que bloqueiam a capacidade da célula de eliminar as espécies reativas de oxigénio.

Os cientistas descobriram que bloquear esses sistemas de desintoxicação com fármacos já disponíveis faz com que as células amplificadas com MYCN adoeçam e morram.

“Como o MYCN continua a ser um dos alvos mais importantes na terapêutica oncológica, este estudo destaca uma estratégia nova e clinicamente importante para o tratamento de cancros associados a MYCN”, revelou Anthony Faber.

Agora, através de modelos tumorais pré-clínicos, os investigadores irão usar o financiamento que receberam para testar a capacidade da sulfassalazina e da auronofina de induzir a ferroptose e as respostas tumorais em células de neuroblastoma com altos níveis de MYCN. Estes dois fármacos estão aprovados pelo regulador de saúde norte-americano (FDA) para a artrite reumatoide.

“Vamos conseguir testar de forma robusta estes medicamentos em modelos derivados de pacientes e modelos ortotópicos, onde os tumores crescem no topo das glândulas suprarrenais da mesma forma que crescem nos pacientes”, explicou o investigador.

Caso os resultados sejam possíveis, os cientistas acreditam que podem vir a testar estas terapias, com segurança, em ensaios clínicos.

Fonte: News-Medical

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