Cientistas do The Institute of Cancer Research, no Reino Unido, realizaram uma investigação com o intuito de criar um novo modelo animal que fosse útil em pesquisas que estudassem a forma de propagação do neuroblastoma, um tipo de cancro infantil que, para além de resistente às terapias, é altamente propicio a desenvolver metástases.
No estudo, os investigadores tentaram criar um modelo animal que melhor refletisse a propagação real do neuroblastoma; até ao momento, a pesquisa sobre o neuroblastoma em ratos é considerada limitada, uma vez que os cientistas não tinham conseguido recriar nos animais a forma como cancro se espalha nos humanos, pelo que os dados recolhidos se tornavam menos aplicáveis aos cenários do mundo real.
Nesta investigação, financiada pela Cancer Research UK, Children With Cancer UK e Neuroblastoma UK, as cobaias mostraram sofrer alterações nos seus tumores, o que se assemelhava ao que acontece em crianças com a doença.
Pesquisas anteriores também tinham tido dificuldades com a forma como os animais respondiam aos medicamentos quimioterápicos; se, nos roedores, a doença é tratada com alguma facilidade, nas crianças o que acontece é precisamente o contrário, com o neuroblastoma a mostrar-se extremamente resistente aos tratamentos.
Os cientistas conseguiram tornar as cobaias resistentes aos tratamentos quimioterápicos, criando assim uma representação ainda mais precisa dos tipos de neuroblastomas agressivos observados em crianças.
Os investigadores trataram as cobaias com várias rondas de ciclofosfamida, um medicamento quimioterápico comummente usado para tratar o neuroblastoma. Os animais foram cuidadosamente monitorizados durante todo o processo e, pouco a pouco, mostraram resistência ao medicamento
De seguida, os cientistas verificaram que os tumores começaram a desenvolver metástases espontâneas que se espalharam por todo o corpo, mas com especial incidência na medula óssea.
Durante a investigação, publicada na revista Cancer Research, os investigadores observaram que determinados genes associados ao neuroblastoma se desenvolveram em excesso; para além disso, também descobriram que a via JAK-STAT3, uma via através da qual diferentes moléculas passam, era ativada nos animais, o que ajudava as células cancerígenas a sobreviver, prosperar e metastizar.
Ao tratar os animais com um medicamento, intitulado CYT387, os cientistas conseguiram desativar essa via, tornando a progressão dos tumores mais lenta e aumentando as taxas de sobrevivência dos animais.
Tendo em conta os resultados, os autores do estudo acreditam que este novo modelo animal permitirá que cientistas, em pesquisas futuras, sejam capazes de investigar mais aprofundadamente o processo de desenvolvimento do neuroblastoma e de que forma este tipo de cancro consegue ser tão resistente aos tratamentos.
“O neuroblastoma é um tipo de cancro agressivo e difícil de tratar. Este novo modelo que desenvolvemos será, certamente, uma ferramenta útil para pesquisas que queiram analisar o que verdadeira impulsiona o neuroblastoma, o seu crescimento e o seu desenvolvimento”, disse Louis Chesler, autor do estudo e docente no The Institute of Cancer Research.
“Termos conseguido desenvolver um modelo animal que nos vai ajudar a analisar o que torna o cancro tão resistente, mesmo com todos os tratamentos, será uma mais valia, também nos ajudará a criar uma base para o desenvolvimento de novos e inovadores tratamentos”.
Fonte: The Institute of Cancer Research