Neuroblastoma: cientistas identificam gene implicado na progressão da doença

Uma nova investigação realizada por cientistas da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, identificou um gene de instabilidade cromossómica, denominado USP24, que está frequentemente ausente em pacientes pediátricos com neuroblastoma, uma forma bastante agressiva de cancro infantil.

A descoberta, que fornece informações importantes sobre o desenvolvimento desta doença, foi publicada na revista Cancer Research.

“O neuroblastoma é um cancro altamente agressivo que afeta quase exclusivamente crianças”, afirmou Paul Galardy, hematologista e oncologista pediátrico da Mayo Clinic, que explicou que, apesar das múltiplas abordagens utilizadas no tratamento, o número de crianças que morrem devido ao neuroblastoma ainda é muito elevado.

De forma a identificarem novas abordagens terapêuticas, os cientistas examinaram o papel de um conjunto de enzimas, conhecidas como enzimas desubiquitinantes; esta família de enzimas foi a escolhida uma vez que pode ser alvo de terapia medicamentosa.

“Pouco se sabe sobre o papel destas enzimas no neuroblastoma. Usámos uma abordagem computacional para determinar o efeito de um gene no resultado de uma variedade de cancros humanos para identificar enzimas desubiquitinantes que podem desempenhar um papel no tratamento do neuroblastoma.”

Os cientistas usaram esse método para identificar dois genes – USP24 e USP44 – com o maior potencial para afetar os resultados de pacientes jovens com neuroblastoma.

“Estes genes foram os mais intimamente implicados como sendo importantes para uma divisão celular precisa”.

Paul Galardy relata que a sua equipa descobriu que o USP44 desempenha um papel importante na divisão celular, tendo sido associado a mais resultados em casos de cancro do pulmão; posto isto, a equipa focou-se no gene USP24 de forma a entender como é que este podia contribuir para o neuroblastoma.

“Pouco se sabe sobre a forma como o USP24 funciona. Observámos baixos níveis de USP24 em crianças com neuroblastoma cujos tumores eram altamente agressivos, levando à progressão precoce ou à recidiva da doença”, explica.

Segundo os investigadores, níveis baixos de USP24 ocorrem comummente com outros marcadores de doença agressiva, incluindo a amplificação do oncogene MYCN e a perda de um grande segmento do cromossoma 1.

A equipa também descobriu que o USP24 não é simplesmente um marcador de doença agressiva. Usando ratos geneticamente modificados, que não possuíam o gene USP24, os cientistas descobriram que o USP24 desempenha um papel importante na proteção das células contra erros na distribuição dos cromossomas que ocorrem durante a divisão celular.

“Quando comparámos células com USP24, normal ou excluído, e examinámos os níveis de proteínas nas células em divisão, descobrimos que ratos sem até mesmo uma das duas cópias de USP24 eram mais propensos a desenvolver tumores”.

Esse pormenor, afirma, “ajudou a chegarmos à conclusão de que o USP24 pode desempenhar um papel na garantia da divisão celular precisa e que a perda de USP24 em ratos leva à formação de tumores e também pode contribuir para o desenvolvimento de tumores neuroblastoma agressivos em crianças”.

Fonte: NewsWise

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