Ao usarem um algoritmo de computador, cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia, podem ter identificado um novo tratamento, bastante promissor, para o neuroblastoma, uma forma de cancro infantil que ocorre nas células nervosas especializadas do sistema nervoso simpático e que pode ser fatal.
A longo prazo, a descoberta, publicada na revista Nature Communications, pode resultar numa nova forma de tratamento para crianças nas quais a doença é grave ou em estadio avançado.
O novo tratamento baseia-se na ativação de uma proteína recetora, a CNR2, no sistema nervoso. Um método altamente incomum permitiu que esta proteína específica fosse aplicada terapeuticamente.
Em vez de usar métodos tradicionais de desenvolvimento de medicamentos, este grupo de pesquisa desenvolveu um novo algoritmo de computador capaz de combinar grandes quantidades de dados genéticos e farmacológicos, os chamados Big Data, de hospitais e universidades europeus e americanos.
O algoritmo sugeriu novos tratamentos que podem influenciar os mecanismos básicos da doença.
“Ficámos surpresos quando o algoritmo apresentou ideias completamente novas para o tratamento que jamais alguém havia discutido neste contexto. Por isso, decidimos investigar essas ideias em laboratório”, disse Sven Nelander, o principal autor do estudo.
Os novos tratamentos foram investigados usando amostras de células de pacientes e em modelos animais, onde se mostraram eficazes.
A taxa de sobrevivência das células cancerígenas diminuiu, por exemplo, e o crescimento do tumor em peixes-zebra diminuiu após o tratamento com uma substância que estimula a CNR2.
Os cientistas também desenvolveram o algoritmo do computador para permitir que ele seja aplicado a outras formas de cancro.
“Nos próximos anos, os algoritmos inteligentes serão cada vez mais importantes na pesquisa do cancro, pois podem-nos ajudar a encontrar abordagens inesperadas. Neste momento, a nossa universidade já deu início a um grande projeto que, esperamos, irá resultar em mais opções de tratamento para vários tipos de cancro, infantil e de adultos”.
Fonte: Medical Xpress