O neuroblastoma é um tipo raro de tumor cancerígeno mais comummente diagnosticado em bebés e crianças com menos de 5 anos de idade, sendo extremamente raro em pessoas com mais de 10 anos.
Considerado o tipo mais comum de tumor cancerígeno sólido, além dos tumores cerebrais, diagnosticado em crianças, o neuroblastoma é responsável por cerca de 6% de todos os casos de cancro infantil; anualmente, só nos Estados Unidos, são diagnosticados cerca de 800 novos casos de neuroblastoma.
O que causa o neuroblastoma?
Este tipo de cancro tem inicio nas formas iniciais de células nervosas chamadas neuroblastos; à medida que o feto se desenvolve, a maioria dos neuroblastos cresce e acaba por se tornar em células nervosas maduras, antes do nascimento ou nos primeiros meses de vida de um bebé, segundo a American Childhood Cancer Organization. Mas no neuroblastoma, os neuroblastos não se desenvolvem corretamente. Em vez de se tornarem células nervosas maduras, estas continuam a crescer e dividir-se. Às vezes, estes neuroblastos anormais morrem durante a infância; no entanto, em casos raros, as células anormais podem acumular-se e transformar-se em tumores.
Existem evidências de que o neuroblastoma pode ser um estágio normal de desenvolvimento no feto, mas na maioria das vezes o tumor regride por si só sem precisar de tratamento; efetivamente, os cientistas ainda não sabem o porquê de as células nervosas iniciais se transformarem em cancro apenas em algumas crianças e não na maioria.
Alguns especialistas suspeitam que seja devido a uma mutação genética dentro das células nervosas, de acordo com a American Cancer Society.
O neuroblastoma pode formar-se em quase qualquer parte do corpo, mas o local mais comum são os tecidos das glândulas suprarrenais, localizados nos rins; o tumor também pode desenvolver-se em células nervosas destinadas a tornarem-se parte do sistema nervoso simpático, como locais ao longo da coluna vertebral, pescoço, peito, abdómen ou pélvis. As células cancerígenas do neuroblastoma também podem espalhar-se para outras partes do corpo, como fígado, ossos, medula óssea e pele.
A idade é o principal fator de risco para o neuroblastoma, uma vez que este tipo de cancro, como já foi referido, é maioritariamente diagnosticado em crianças com menos de 5 anos.
Outro fator de risco conhecido é a hereditariedade, mas apenas 1% a 2% dos casos de neuroblastomas são causados por uma alteração herdada num gene. De acordo com a Clínica Mayo, nos Estados Unidos, na maioria dos casos, a causa para o desenvolvimento desta doença nunca chega a ser identificada.
Quais os sintomas do neuroblastoma?
O neuroblastoma geralmente é descoberto quando um pai ou médico sente ou se apercebe de um nódulo incomum no corpo de uma criança – geralmente na barriga, mas possivelmente também no pescoço ou no peito. O tumor pode-se tornar visível através da pele ou por pressionar os órgãos vizinhos, o que pode causar outros sintomas.
De acordo com o Boston Children’s Hospital, os sintomas do neuroblastoma podem incluir uma massa abdominal percetível, gânglios linfáticos aumentados, fraqueza, falta de apetite, diarreia ou pressão arterial anormal, entre outros; ainda assim, é importante referir que os sintomas podem variar bastante, dependendo do tamanho e localização do tumor, bem como da metastização do cancro.
Como é feito o diagnóstico?
As células nervosas anormais podem estar presentes antes do nascimento, mas um diagnóstico de neuroblastoma pode não ser feito até a infância, quando as células começam a multiplicar-se rapidamente e a formar um tumor que pressiona os tecidos próximos.
Em casos raros, o neuroblastoma pode ser detetado num ultrassom pré-natal, que pode mostrar uma massa adrenal ou abdominal no feto.
Para fazer um diagnóstico, os médicos costumam usar exames de urina; testes de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética; e, finalmente, uma biópsia.
Os exames de urina podem permitir que os médicos detetem proteínas segregadas pelos tumores, e a imagem pode revelar uma massa sugestiva de um tumor. Em seguida, uma biópsia permite que o tecido seja examinado de perto ao microscópio para revelar se as células cancerígenas estão presentes.
Esses testes, juntamente com outros exames, podem identificar o tamanho e a localização do tumor e determinar até que ponto o cancro já está metastisado; esta ferramenta também é usada para determinar a gravidade do cancro e a melhor forma de o tratar, de acordo com a American Cancer Society.
Em cerca de dois terços dos casos, aquando do diagnóstico, o cancro já se encontra metastisado nos gânglios linfáticos ou ossos.
O diagnóstico de neuroblastoma também envolve a determinação do grupo de risco de uma criança, dividido em 3 categorias: baixo, médio e de alto risco. Os grupos de risco fornecem uma imagem do quão bem o cancro pode responder ao tratamento e pode sugerir possíveis taxas de sobrevivência. Pacientes na categoria de baixo risco geralmente têm uma maior probabilidade sobrevivência.
Quais as terapias mais utilizadas no tratamento do neuroblastoma?
O tratamento do neuroblastoma baseia-se, essencialmente, na idade da criança diagnosticada, nas caraterísticas do tumor e na metastização deste.
Alguns bebés e crianças pequenas com neuroblastoma podem não apresentar sintomas, sendo que esses pacientes são considerados de baixo risco. A massa pode só ter sido notada durante os testes para encontrar outras doenças infantis e pode desaparecer sozinha ou amadurecer em células normais sem qualquer tratamento; noutros casos, a cirurgia para remover o tumor é o único tratamento necessário.
Os pacientes de médio risco geralmente requerem cirurgia para remover o máximo possível do tumor, seguido de sessões de quimioterapia moderada, que pode destruir as células cancerígenas remanescentes e impedir a propagação do cancro.
Pacientes de alto risco, com a forma mais agressiva da doença, precisam de quimioterapia em altas doses para matar células cancerígenas. O tratamento também envolve uma combinação de terapias, incluindo mais sessões de quimioterapia e um transplante de células estaminais, seguido de cirurgia para remover tumores visíveis, radioterapia e imunoterapia.
Um transplante de células estaminais pode ajudar o corpo a substituir a medula óssea danificada durante a quimioterapia; as imunoterapias podem aumentar a capacidade do corpo de encontrar e destruir células cancerígenas por conta própria; e a radioterapia pode impedir a recidiva do cancro, de acordo com a American Childhood Cancer Organization.
Crianças com tumores de alto risco podem desenvolver problemas de saúde meses ou anos após o término do tratamento, os chamados efeitos tardios. Esses efeitos secundários decorrentes do tratamento podem incluir problemas de crescimento e desenvolvimento, perda auditiva, disfunção reprodutiva e deficiências hormonais.
Este artigo, originalmente publicado no site LiveScience, serve apenas para fins informativos e não se destina a fornecer aconselhamento médico.
Fonte: LiveScience