Scott Viands queria ficar ao lado do seu filho de 8 anos; afinal de contas, tinha sido por isso que se tinha inscrito na Maratona NCR de Baltimore, nos Estados Unidos.
Mas depois do sinal de partida, quando deu por isso, o seu filho já ia bastante à frente.
“Ele quase que decolou”, disse Scott.
Mas se o pai já tinha perdido o seu filho de vista, a mãe, Danielle, seguia atentamente a criança dos postos de apoio.
Os pais de Nate nunca o quiseram atrasar; esta foi uma decisão que tomaram 3 anos e meio antes, no Hospital Infantil da Filadélfia. Na época, Nate não tinha idade suficiente para entender o que lhe estava a acontecer. Até os seus pais tiveram dificuldade em entender; tudo o que sabiam era que se iriam certificar de que o menino teria uma vida normal.
A chamada chegou quando os Viands estavam de férias. Nate, um mês antes de completar 4 anos, foi passar férias com a avó. Um dia, aflita, a senhora ligou aos pais e disse-lhes que algo não estava bem.
Nate já tinha sintomas antes das férias mas, como eles haviam aparecido gradualmente, a família não deu muita importância. Contudo, a avó não via Nate há algum tempo, e quando reparou que o seu neto estava pálido, com olheiras, a sentir-se fatigado e com hemorragias nasais, soube que algo se passava.
Os Viands voltaram imediatamente de férias e levaram Nate ao hospital.
E foi ali que o pesadelo começou a tomar forma.
Depois de uma série de exames, os pais de Nate foram levados para uma sala. De entre as muitas palavras que não conheciam, Scott e Danielle reconheceram uma: leucemia.
“A partir daí, começou a nossa jornada. O nosso filho de 4 anos havia sido diagnosticado com leucemia, que é algo que uma pessoa espera nunca ter de ouvir, muito menos lidar. Naquele dia, as nossas vidas mudaram para sempre”, relembram.
Os Viands tentaram conversar com o filho no hospital, mas a criança só estava interessada nas rodas do seu camião.
A palavra “cancro” saiu da boca de Scott, mas para Nate aquela era apenas uma palavra sem significado.
Nate começou a correr aos 5 anos de idade, pouco depois de passar nove meses em dolorosas sessões de quimioterapia que o deixaram em casa.
“Eu nunca quis que ele pensasse que estava doente. Muitas das crianças que adoecem são automaticamente tratadas como ‘doentes’, e eu não queria que ele pensasse que era uma criança diferente das outras”.
Então, os pais encorajaram Nate a andar de skate, de bicicleta e, eventualmente, a correr, o que acabou por ser a grande paixão da criança.
Mesmo durante os tratamentos de quimioterapia, o rapaz não desistia e, sempre que podia, ia treinar.
Durante esse tempo, os tratamentos terminaram e Nate, já com mais força e energia, desenvolveu um desejo de fazer corridas mais longas.
A jornada teve o seu cume na Maratona NCR, quando os pais viram o seu filho com leucemia a cortar a meta.
“Dada a sua história e tudo o que aconteceu, só posso dizer que o meu filho merecia esta vitória. Foi muito especial ver o meu filho, que ainda está doente, a cortar a meta e a fazer um tempo que muitas pessoas, nomeadamente adultos saudáveis, não conseguiram”, diz, emocionado, Scott.