Investigadores do St. Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos, do European Molecular Biology Laboratory, em Espanha, e do German Cancer Research Center, na Alemanha, identificaram o gene ELP1 como um agente de predisposição para o desenvolvimento do meduloblastoma pediátrico.
O meduloblastoma é o tumor cerebral pediátrico maligno mais comum entre crianças; este gene específico atua essencialmente num subgrupo de meduloblastoma, o SHH, que representa cerca de 30% de todos os casos pediátricos de meduloblastoma.
Investigações anteriores sugeriram que este subgrupo é afetado pela predisposição genética a partir de anomalias no ADN da linha germinativa (hereditária) dos pacientes.
“As evidências científicas e as experiências de pacientes e familiares sugeriram que as mutações hereditárias podem desempenhar um papel maior do que pensávamos”, disse um dos investigadores, Paul Northcott.
“Durante a investigação, conseguimos mostrar que uma porção significativa de casos de meduloblastoma do subgrupo SHH com mutações hereditárias não estavam a ser corretamente reconhecidas”.
A equipa analisou todos os genes codificadores de proteínas, chamados exomas, em mais de mil pacientes com meduloblastoma. Os cientistas compararam estes dados com os dados de mais de 118 mil exomas de proteínas de indivíduos sem cancro.
Os resultados mostraram que o gene ELP1 está anormalmente mutado no ADN da linha germinativa de 14 a 15% das crianças com meduloblastoma do subgrupo SHH.
Com a adição do ELP1 à lista de genes conhecidos para predisposição ao cancro, os cientistas mostraram que, pelo menos, 40% dos casos de meduloblastoma pediátrico deste subgrupo são causados por uma anomalia hereditária.
As mutações de ELP1 ocorrem em mais do que o dobro da taxa de qualquer outro gene de predisposição ao cancro previamente reconhecido.
O ELP1 normalmente funciona como parte de um complexo de várias subunidades chamado alongador, que desempenha um papel na regulação da tradução; esta descoberta apoia o resultado de investigações sobre como a desregulação da tradução contribui para o desenvolvimento do meduloblastoma.
“Quando vários membros de uma família têm o mesmo tipo de meduloblastoma, mas não têm mutações em nenhum dos genes de predisposição reconhecíveis, é porque há algo de errado. O ELP1 não faz parte do teste genético de rotina que é oferecido a pacientes e familiares, mas este trabalho sugere que ele deve ser incluído”, explicou Giles Robinson, outro dos cientistas envolvidos no estudo.
Os investigadores também descobriram que o ELP1 pode ajudar a orientar o prognóstico destes pacientes.
Pacientes com essa mutação tendem a ter resultados positivos com as terapias atualmente disponíveis.
Os cientistas irão continuar a estudar este gene em laboratório para determinar se as mutações identificadas podem ser usadas para adaptar a terapia com meduloblastoma no futuro.
O estudo foi publicado na revista Nature.
Fonte: Eurekalert