Segundo uma investigação publicada na revista The Lancet, os sobreviventes de cancro infantil têm um risco aumentado de mortalidade, mesmo 40 anos após o diagnóstico.
Entre 15 a 40 anos após o diagnóstico, os sobreviventes de cancro pediátrico tiveram um risco de morte cerca de 4 vezes maior do que a população em geral; para além disto, os cientistas também encontraram associações entre tratamentos oncológicos e morte entre pacientes que sobreviveram, pelo menos, 30 anos após o diagnóstico.
Neste estudo retrospetivo, os cientistas avaliaram a mortalidade tardia e as causas de morte em 34 230 pacientes diagnosticados com cancro infantil entre 1970 e 1999; com uma idade média de 6 anos na altura do diagnóstico, os pacientes sobreviveram, pelo menos, 5 anos a partir do diagnóstico.
Os tipos de cancro incluíam leucemia, linfoma, tumores do sistema nervoso central, tumor de Wilms, neuroblastoma e sarcoma ósseo.
O seguimento médio desde o diagnóstico foi de 29,1 anos. Houve 5 916 óbitos, dos quais 2 009 (34%) foram atribuídos à recidiva ou progressão do cancro primário. Outras 3 061 mortes (51,2%) foram atribuídas a neoplasias subsequentes, problemas cardiovasculares, problemas pulmonares ou outras causas.
Em comparação com a população em geral, os sobreviventes de cancro infantil tiveram um risco 18,1 vezes maior de morte entre 5 a 9 anos após o diagnóstico; entre 10 a 14 anos após o diagnóstico, o risco diminuiu para 6,2 vezes, e assim sucessivamente, até 40 anos após o diagnóstico, onde os sobreviventes apresentavam um risco 4 vezes maior de morte do que a população em geral.
De acordo com a investigação, os sobreviventes de cancro pediátrico tiveram um risco maior de morte em 9 das 10 principais causas de morte relacionada à saúde em adultos com menos de 60 anos, incluindo cancro subsequente, pneumonia, insuficiência renal, doenças cardiovasculares, diabetes, entre outras.
Numa análise multivariada dos sobreviventes, o estilo de vida saudável foi associado a uma redução de 20% no risco de mortalidade relacionada à saúde.
Os cientistas também encontraram associações entre os tratamentos oncológicos e morte entre pacientes que sobreviveram pelo menos 30 anos após o diagnóstico – a radioterapia craniana, por exemplo, foi associada a um risco aumentado de morte por neoplasias subsequentes; já a quimioterapia com antraciclina foi associada a um risco aumentado de morte por causas cardiovasculares.
“Apesar das melhorias na sobrevida a 5 anos, os sobreviventes de longo prazo têm quatro vezes mais risco de morte em comparação com a população em geral”, concluíram os cientistas.
Fonte: Cancer Therapy Advisor