Meduloblastoma: cientistas tentam criar terapia direcionada

Cientistas estão a fazer progressos importantes na batalha contra uma classe de cancros cerebrais pediátricos complexos graças a um novo estudo de uma equipa da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos.

Entre as crianças, não há tumor cerebral mais comum do que o meduloblastoma. Mas ainda não existe uma terapia específica e eficaz que consiga combater esta perigosa doença; em vez disso, os médicos são obrigados a recorrer a tratamentos onerosos e invasivos, como a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, muitas vezes à custa da qualidade de vida da criança.

O meduloblastoma, que é dividido em quatro subgrupos, é parcialmente causado quando ocorre uma mutação nos “genes controladores” que promovem ou suprimem o crescimento de tumores cancerígenos.

Essas mutações podem ser hereditárias, esporádicas ou induzidas pelo ambiente, mas, uma vez que aparecem, aumentam o risco da divisão celular livre e anormal que leva a tumores malignos.

Os investigadores identificaram uma série de mutações genéticas causadoras de cancro e descobriram que o meduloblastoma é talvez um tumor ainda mais dinâmico e variável do que o esperado.

As descobertas foram publicadas no Journal of Cancer.

“A maioria dos cancros é bastante heterogénea, mas o meduloblastoma é, especificamente, ainda mais heterogéneo que todos os outros. Ao observarmos a mutação do gene condutor, a maioria dos casos de meduloblastoma não têm a mesma mutação. Na realidade, 5% podem ter uma mutação, 3% podem ter outra mutação e uma pequena percentagem pode ter outras mutações”, explicaram os cientistas

Usando ferramentas avançadas de bioinformática, a equipa foi capaz de identificar quais mutações genéticas ocorriam em que subgrupos de meduloblastoma.

Em alguns casos, os investigadores descobriram que mutações, uma vez consideradas específicas de um subgrupo em particular, estavam a causar uma perturbação significativa noutros subgrupos.

A heterogeneidade do meduloblastoma faz dele um cancro excecionalmente difícil de caraterizar e tratar.

Mas com uma compreensão mais abrangente e diferenciada de quais mutações acontecem, onde e quando – e quais mutações podem desafiar definições amplamente aceitas – os investigadores estarão melhor equipados para identificar oportunidades de tratamentos individualizados e direcionados.

“Para tratarmos o meduloblastoma temos que usar abordagens mais personalizadas. E com esta investigação esperamos dar aos pacientes esse tipo de terapias”, disse um dos investigadores.

O próximo passo no desenvolvimento dessas terapias é desenvolver modelos laboratoriais confiáveis de subgrupos de tumores de meduloblastoma humano. Esses modelos, dizem os cientistas, serão ferramentas avaliativas importantes na busca de possíveis terapêuticas.

O objetivo final é um regime de terapias direcionadas que evitem sobrecarregar indevidamente pacientes pediátricos vulneráveis.

“As crianças com cancro recebem, frequentemente, tratamentos muito tóxicos, agressivos e invasivos. Se pudermos evitar esses tratamentos agressivos e desenvolver terapias mais seguras e eficazes, os resultados e a qualidade de vida dos pacientes serão muito melhorados”.

Fonte: Medical Xpress

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