Meduloblastoma: cientistas procuram descobrir origem celular de cancro cerebral pediátrico

Uma investigação coordenada por uma equipa de cientistas da Universidade de Trento, em Itália, acredita ter feito descobertas muito importantes sobre o a origem do meduloblastoma, o tumor cerebral maligno mais comum em crianças que afeta o sistema nervoso central.

Pela primeira vez, os cientistas conseguiram desenvolver organoides em laboratório para simular o tecido tumoral e foram capazes de identificar o tipo de célula da qual o tumor pode ter origem.

Esta investigação foi uma colaboração internacional entre cientistas da Universidade de Trento, da Universidade de Sorbonne, em França, do Hopp Children´s Cancer Center, na Alemanha, e da Universidade Sapienza, em Itália.

Num artigo publicado na revista Science Advances, Luca Tiberi, o principal autor do estudo, mostrou-se “orgulhoso por poder fazer parte de uma investigação que, acreditamos todos, pode vir a ajudar no desenvolvimento de melhores, e mais eficazes, tratamentos”.

“Pela primeira vez, um grupo de cientistas conseguiu usar um modelo organoide que foi criado e desenvolvido por nós nos últimos meses. Com a utilização destes tecidos cancerígenos in vitro em 3D, pudemos identificar o tipo de célula que origina o meduloblastoma. Essas células de facto expressam Notch1 / S100b e desempenham um papel fundamental no início, na progressão e no prognóstico deste tipo de cancro cerebral infantil.”

Os organoides, desenvolvidos nos laboratórios da Universidade de Trento, são gerados a partir da pele ou das células sanguíneas e parecem esferas irregulares do tamanho de um amendoim.

Os cientistas usam-nos para compreender os mecanismos genéticos responsáveis ​​pelo meduloblastoma e para explorar novos tratamentos para doenças incuráveis. Nesta investigação, os organoides foram usados ​​para fornecer um modelo dos tumores em laboratório.

As descobertas podem levar a avanços na pesquisa do cancro cerebral e, no futuro, podem ser usadas para estudar outros tumores num ambiente de laboratório a um custo reduzido, em comparação com tecnologias anteriores.

Para além disso, “com estas descobertas podemos vir a conduzir ensaios clínicos que sirvam para testar novos medicamentos e tratamentos personalizados”.

Sobre organoides

Os organoides são gerados a partir da pele ou das células sanguíneas e parecem bolas irregulares do tamanho de um amendoim. Não são agregados celulares, mas células especializadas e organizadas que replicam o máximo possível o órgão em estudo.

Estes modelos tridimensionais permitem que os cientistas façam investigações num ambiente de laboratório. Trabalhar com pacientes no caso do presente estudo seria impossível, visto que se trata de um cancro cerebral pediátrico; por isso, os cientistas usaram organoides para entender os mecanismos genéticos deste cancro e para encontrar novos tratamentos para crianças cuja doença é quase intratável.

Os tumores cerebrais são a primeira causa de morte por cancro em crianças, uma vez que são muito agressivos e exigem uma abordagem multidisciplinar e integrada.

Embora um progresso significativo tenha sido feito no tratamento destes tumores, os pacientes sobreviventes podem sofrer efeitos secundários a longo prazo que comprometem significativamente a sua qualidade de vida.

Em caso de recidiva, as terapias geralmente são ineficazes.

O meduloblastoma, em foco neste estudo, é o tumor cerebral maligno mais comummente diagnosticado em crianças.

A taxa de sobrevivência a cinco anos a partir do diagnóstico de meduloblastoma é de cerca de 70%.

Fonte: Medical Xpress

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