Medir a “qualidade de vida” é uma tendência importante nos cuidados oncológicos

À medida que surgem novos tratamentos contra o cancro, é essencial recolher dados sobre a qualidade de vida dos doentes, assim como sobre a eficácia do tratamento em prolongar a sobrevivência. Isto é particularmente relevante para os jovens com cancro, que podem ser mais propensos a complicações de saúde mais tarde, de acordo com um estudo que envolveu crianças e adolescentes nos EUA, conduzido por AnnaLynn Williams, do Wilmot Cancer Institute, que é também uma sobrevivente de cancro.

Os investigadores descobriram que não só é viável incorporar medidas de qualidade de vida diretamente num ensaio de medicamentos, como também, neste caso, os resultados mostraram que as maiores melhorias de qualidade em jovens com linfoma de Hodgkin ocorreram entre os que receberam um tratamento mais recente, denominado brentuximab vendotin (BV), adicionado à quimioterapia.

“Tem sido cada vez mais reconhecida a importância de estudar a qualidade de vida, uma vez que tentamos melhorar a experiência dos doentes e ajudá-los a fazer escolhas informadas sobre o tratamento”, afirmou Williams, também professora assistente de Cirurgia no Centro Médico da Universidade de Rochester e membro do programa de investigação Wilmot’s Cancer Prevention and Control

De acordo com os autores, órgãos americanos como o National Cancer Institute e a Food and Drug Administration estão a impulsionar esta tendência. Assim como University of Rochester Medical Center, que já está a adotar dados sobre a qualidade de vida para melhorar os cuidados dos doentes.

Desde 2023, no momento de check-in para consultas médicas, os pacientes respondem a um inquérito para avaliarem o seu bem-estar, a sua função física e a sua saúde mental. Os dados ajudam na comunicação durante a consulta e podem informar sobre decisões de tratamento.

Tipo de tratamento interfere na qualidade de vida

Este estudo incluiu 268 pessoas, entre os 11 e os 21 anos, que sofriam de linfoma de Hodgkin pediátrico de alto risco. Alguns doentes receberam BV mais quimioterapia e outros receberam um cocktail de quimioterapia padrão sem o medicamento mais recente. Os resultados foram introduzidos numa base de dados nacional para a equipa de investigação, que incluía cientistas do Tufts Medical Center, da Universidade de Chicago e do Roswell Park Cancer Institute, e era liderada pelo Children’s Oncology Group.

Cerca de 44% dos doentes classificaram a sua qualidade de vida como má antes de iniciarem o tratamento, mas os investigadores observaram uma melhoria significativa à medida que o tratamento avançava. Algo ainda mais evidente nos doentes que receberam BV com quimioterapia.

O estudo refere ainda que as mulheres tendem a registar pior qualidade de vida do que os homens. E, apesar, de não apontarem razões, lembram que as alterações hormonais e os diferentes mecanismos de sobrevivência são citados por outros estudos.

Com mais de 90% dos doentes a completarem o ensaio clínico relativo à qualidade de vida, e para garantir o sucesso em estudos futuros, os investigadores sugerem associar as medições da qualidade de vida às consultas de acompanhamento clínico planeadas após o fim do tratamento contra o cancro.

Fonte: Medical Xpress

Este artigo foi úlil para si?
SimNão
Comments are closed.
Newsletter