Médicos nos EUA procuram formas de salvar fertilidade das crianças com cancro

Muitos dos tratamentos que podem salvar a vida de crianças que sofram com cancro podem, mais tarde, comprometer a sua capacidade de ter filhos no futuro. Actualmente, em alguns países, os jovens adultos já têm como opções o congelamento de embriões ou óvulos, ou bancos de esperma, mas as crianças diagnosticadas antes da puberdade não.
A sobrevivência de cancro infantil atinge já uma média de 80% e esta realidade obriga a uma crescente necessidade de encontrar formas de preservar a fertilidade destes jovens.
Investigadores norte-americanos estão a testar formas de armazenar as células-tronco de meninos e meninas diagnosticados com cancro ainda na infância, para que mais tarde seja possível reproduzir o seu esperma ou ovários. 
Teresa Woodruff, do Centro de Oncofertilidade da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, explica que se for possível proteger a fertilidade destas crianças aos 9 anos de idade, a ideia é que o tecido guardado possa ser utilizado quando eles crescerem.
Os investigadores dizem que dezenas de meninos e meninas, incluindo alguns bebés, são parte de experiências que já estão em marcha, embora ainda em estágio inicial, que resulta de uma colaboração entre vários centros médicos.
Woodruff diz que entre os sobreviventes de cancro pediátrico, cerca de 50% dos rapazes estão em risco de vir a sofrer danos na fertilidade imediata e, entre as meninas, a perspectiva é que possam sofrer sintomas de menopausa precoce, entre os 20 e os 30 anos, dependendo do tipo de cancro ou tratamento. 
Os pesquisadores procuram agora estudar uma forma de restaurar a fertilidade em diferentes espécies de animais do sexo masculino – ratos, porcos, cães – armazenando e reintroduzindo o esperma para produzir células-tronco.
Testar a técnica em meninos exige a remoção de uma pequena quantidade de tecido testicular, para que mais tarde seja possível reproduzir células-tronco armazenadas que possam ser de novo injectadas no corpo do doente, acrescenta um investigador do Hospital Pediátrico de Filadélfia, nos Estados Unidos, que avalia de momento a viabilidade das células de mais de 25 meninos.
Os cientistas admitem, no entanto, que as meninas representam um desafio diferente, dado que a remoção do tecido ovariano requer que as crianças sejam sujeitas a uma cirurgia laparoscópica, e o problema, nestes casos, não é o armazenamento, mas sim perceber durante quanto tempo o tecido poderá ser congelado.
Além disso, explicam, existe a possibilidade de as células tumorais se esconderem no tecido congelado. Por esse motivo, o estudo passará, numa próxima fase, por identificar formas de forçar os folículos armazenados a acelerar o processo de amadurecimento em laboratório.
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