Medicamento que previne partos prematuros associado a maior risco de cancro em crianças

Um medicamento usado para prevenir partos prematuros e controlar as contrações das grávidas antes do momento indicado para o parto pode aumentar o risco de cancro nos filhos, conclui um estudo publicado na American Journal of Obstetrics & Gynecology.

Em causa está um fármaco sintético que continua a ser usado para substituir o efeito da progesterona — 17-OHPC (caproato de 17 alfa-hidroxiprogesterona), apesar de já terem sido levantadas algumas questões em relação à segurança e à eficácia de curto prazo, referem cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

A FDA, a entidade que regula os medicamentos nos Estados Unidos, já propôs, em outubro de 2020, que o medicamento fosse retirado do mercado no país. 

Os investigadores da Universidade do Texas avaliaram dados de mais de 18 700 pares de mães e respetivos bebés, relacionados com gravidezes ocorridas entre 1959 e 1966, e associo-os aos registos de cancros em 2019.

Os dados apurados mostraram que em mais de mil cancros, entre os zero e os 58 anos, 234 foram em indivíduos expostos ao 17-OHPC durante a gravidez.

O risco de cancro de qualquer tipo foi maior para todos os bebés cujas mães receberam a injeção do medicamento no primeiro trimestre da gravidez. E o risco de cancro foi maior quanto maior foi também o número de injeções administradas. 

O risco de cancro pediátrico no cérebro, cancro colorretal e do pâncreas, quando as crianças já eram adultas, foi maior nos indivíduos expostos ao medicamento durante o primeiro trimestre, quando comparados com aqueles cujas mães não tomaram o fármaco.

Quando a exposição aconteceu no segundo ou terceiro trimestre, aumentou o risco de cancro no futuro para os rapazes, mas não para as raparigas.

O impacto do medicamento no futuro da descendência era pouco conhecido e o objetivo do estudo foi aumentar o conhecimento sobre o tema.

Tendo em conta os resultados obtidos, os autores do estudo recomendam uma utilização cuidada do fármaco em causa, dado o potencial de aumento do risco de cancro em idade pediátrica e na fase adulta. 

Fonte: Observador

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