Um estudo recente, publicado na revista Cancer Cell, revela que o medicamento avapritinib poderá ser eficaz no tratamento de gliomas pediátricos de alto grau, especialmente nos casos de gliomas difusos da linha média (DMG) com mutação H3K27M. Estes tumores cerebrais são conhecidos pela sua agressividade e prognóstico desfavorável.
A investigação, liderada por Mariella Filbin, co-diretora do Brain Tumor Center no Boston Children’s Hospital e no Dana-Farber Cancer Institute (EUA), em colaboração com a University of Michigan Medical School (EUA) e a Medical University of Vienna (Áustria), identificou que aproximadamente 15% dos gliomas pediátricos de alto grau apresentam alterações no gene PDGFRA. Estas mutações estão associadas a um aumento significativo da expressão deste gene, que desempenha um papel crucial no crescimento dos tumores DMG.
Os investigadores testaram quatro inibidores do PDGFRA — dasatinib, crenolanib, axitinib e avapritinib — em várias linhas celulares de glioma com estas alterações genéticas. O avapritinib destacou-se pela sua elevada potência e especificidade, sugerindo um menor risco de efeitos secundários indesejados.
Num programa de uso compassivo, oito pacientes pediátricos e jovens adultos com gliomas de alto grau foram tratados com avapritinib. Destes, três apresentaram uma redução visível do tumor após uma média de quatro meses de tratamento diário. Embora a doença tenha eventualmente progredido, estes pacientes tiveram uma sobrevivência aproximadamente duas vezes superior em comparação com os que não responderam ao medicamento. O avapritinib foi, geralmente bem tolerado, com poucos efeitos adversos registados.
Estes resultados preliminares indicam que o avapritinib é seguro e pode induzir uma resposta clínica inicial em alguns pacientes com gliomas pediátricos de alto grau que apresentam amplificação do PDGFRA. Mariella Filbin destaca que esta investigação abre caminho para ensaios clínicos em pacientes pediátricos recém-diagnosticados, com o objetivo de desenvolver terapias personalizadas e combinações com outros fármacos aprovados pela FDA para aumentar a eficácia do tratamento.
Fonte: Medical Xpress