Maggie, a sobrevivente que fez da sua missão de vida ajudar crianças com cancro

Conhecendo a sua história, parece inevitável que Maggie Rogers, uma sobrevivente de cancro infantil, um dia acabaria por seguir uma carreira relacionada, de alguma forma, com a oncologia pediátrica.

E foi precisamente isso que aconteceu quando, há algumas semanas, Maggie, hoje com 33 anos, começou a exercer funções na American Cancer Society, como diretora do Gabinete de Apoio a Crianças, Adolescentes e Jovens Adultos diagnosticados com Cancro Infantil. Para além de supervisionar o projeto, Maggie tem também a responsabilidade de organizar iniciativas e atividades associadas ao cancro pediátrico, incluindo angariações de fundos.

Contudo, a decisão de trabalhar nesta área não foi fácil, como nos conta Maggie.

“Quando era criança, o cancro fazia parte da minha identidade. Na altura, eu era ‘uma criança com cancro’ aos olhos de todos, incluindo os meus. E, de alguma forma, esse trauma tornou-me reticente em abraçar este projeto, porque parecia que estava a reviver o passado, de alguma forma”, explica.

Maggie foi diagnosticada com cancro nos rins quando tinha apenas 4 anos – mas as memórias ficaram bem gravadas na sua mente, “desde o dia em que fiquei careca até aos tratamentos a que fui submetida”.

Licenciada em Psicologia e com um mestrado em Saúde Pública e Epidemiologia, a jovem trabalhou durante 8 anos no Center to Advance Palliative Care do Hospital Mount Sinai Hospital, em Nova York. E foi durante esse período que Maggie começou a repensar os seus objetivos.

“Comecei a pensar que, se calhar, seria mais feliz se tivesse contacto com pacientes. O meu trabalho no Center to Advance Palliative Care estava principalmente ligado aos profissionais de saúde que cuidavam dos pacientes e, a determinada altura, isso deixou de ser suficiente. Eu queria trabalhar com ‘pacientes reais’, queria ajudar a melhorar a vida das pessoas”.

Nesse processo de mudança, que envolveu grupos de pacientes e conversas no Twitter, Maggie também começou a sentir-se mais à vontade com a possibilidade de começar a trabalhar na área da oncologia.

“Comecei a ficar muito mais confortável com essa ideia, tornar-me, por exemplo num patient advocate (“defensor do paciente”, numa tradução livre)”.

Um patient advocate é alguém que tem como objetivo a melhoria da autonomia dos doentes, o respeito pelos seus direitos e a proteção contra o erro ou negligência em cuidados de saúde.

Durante este processo de transição, Maggie tentou várias abordagens para perceber o que queria fazer com o seu futuro.

“Primeiro, comecei por falar sobre minha experiência pessoal enquanto sobrevivente de cancro infantil. Depois, veio um passo gigante: tornei-me membro do Comité de Patient Advocate do Children’s Oncology Group. Estar presente em reuniões foi ótimo – ouvia falar de ensaios clínicos, de como as investigações estavam a ser realizadas, da forma como os pacientes iam ser beneficiados, quais os riscos, etc, foi algo que me fez perceber, definitivamente que o meu futuro estaria ligado ao cancro infantil”.

E foi assim que Maggie se candidatou ao trabalho que hoje ocupa.

“Este trabalho é perfeito para mim. Obriga-me a usar a minha formação académica, a minha experiência pessoal e a minha experiência profissional”.

Mas, mais importante ainda, é que finalmente Maggie sente que “não estou sozinha no mundo. Estou rodeada de pessoas que passaram pelo mesmo que eu, que os meus pais, que os meus amigos. Sinto-me compreendida, e isso é muito bom. Ajudar enquanto também sou um bocadinho ajudada, é maravilhoso”.

Fonte: WebMD

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