Investigadores do The Hospital for Sick Children (SickKids), no Canadá, e do Seattle Children’s Hospital, nos EUA, anunciaram resultados promissores num ensaio clínico que poderá mudar o tratamento da leucemia linfoblástica aguda de células B (B-ALL), o tipo de cancro pediátrico mais comum.
O estudo, que envolveu mais de 1.400 crianças em quatro países, mostrou que a adição de blinatumomab, um imunoterapêutico, à quimioterapia padrão reduziu em 61% o risco de recaída ou morte. Os resultados, publicados na revista científica New England Journal of Medicine, são considerados um marco no combate ao cancro pediátrico.
O ensaio clínico
O ensaio foi conduzido pelo Children’s Oncology Group, a maior organização global de investigação em cancro pediátrico, e incluiu crianças de média e alta probabilidade de recaída provenientes do Canadá, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia.
Os participantes foram tratados inicialmente com quimioterapia padrão e divididos em dois grupos:
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- Um grupo recebeu apenas quimioterapia;
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- Outro grupo recebeu dois ciclos adicionais de blinatumomab, um imunoterapêutico que ajuda o sistema imunitário a identificar e atacar as células cancerígenas.
Resultados que fazem a diferença
Os dados revelaram uma melhoria significativa nas taxas de sobrevivência livre de doença ao fim de três anos:
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- Crianças com risco médio de recaída: a taxa aumentou de 90% para 97,5%.
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- Crianças com risco elevado de recaída: a taxa passou de 85% para mais de 94%.
Os investigadores destacaram ainda que o blinatumomab apresenta menos efeitos secundários do que os tratamentos tradicionais, melhorando a qualidade de vida das crianças tratadas.
Um novo padrão de tratamento
“Estes resultados são transformadores e trazem esperança de uma melhor qualidade de vida para crianças com B-ALL em todo o mundo”, afirmou Sumit Gupta, um dos líderes do estudo e oncologista no SickKids.
Os investigadores planeiam agora novos ensaios para explorar formas de reduzir a toxicidade dos tratamentos, substituindo parte da quimioterapia por imunoterapias como o blinatumomab.
Um exemplo de esperança
O caso de Santiago, uma criança diagnosticada com B-ALL pouco antes de completar quatro anos, reflete o impacto positivo deste novo tratamento. Após nove meses de tratamento, Santiago prepara-se para começar a escola, com um regime de quimioterapia de baixa intensidade que ajudará a prevenir a recaída.
“Este é o percurso do Santiago, e o meu papel é segurar a sua mão e garantir que recebe os melhores cuidados possíveis,” disse Beatriz, mãe de Santiago.
Fonte: Medical Xpress