Crianças com síndrome de Down têm uma menor probabilidade de sobrevivência se foram diagnosticadas com leucemia linfoblástica aguda do que crianças sem síndrome de Down.
“Este estudo mostrou que nós temos de continuar a tentar desenvolver terapias direcionadas para crianças com esta síndrome”, disse Naomi Michels, a investigadora principal.
Crianças com maior risco de recidiva geralmente recebem tratamentos mais intensivos; contudo, isso não é possível para crianças com síndrome de Down, que tendem a sofrer de mais efeitos secundários decorrentes do tratamento.
Realizada pelo Centro Princesa Máxima, nos Países Baixo, a investigação comparou o efeito da terapia em pacientes com leucemia com e sem síndrome de Down.
O trabalho, que envolveu cientistas do Reino Unido, da Alemanha, da Escandinávia e da Austrália, foi publicado na revista Lancet Hematology e financiado pelo Princesa Máxima Center Foundation e pela Children’s Oncological Centre Rotterdam Foundation.
Para explicar as diferenças nos fatores de risco conhecidos, os dados de 136 pacientes com leucemia com síndrome de Down foram comparados com os de 407 crianças que não tinham síndrome de Down.
As ‘duplas’ correspondentes tinham a mesma idade, o mesmo subtipo de leucemia linfoblástica aguda e resultados de sangue semelhantes no momento do diagnóstico – foi desta forma que os cientistas perceberam que as diferenças encontradas estavam relacionadas à síndrome de Down.
A análise mostrou que os níveis de células leucémicas diminuíram igualmente em ambos os grupos de crianças após o primeiro mês de tratamento. Mas os cientistas descobriram uma diferença importante no resultado de longo prazo entre crianças com e sem síndrome de Down na chamada forma “Ikaros” da leucemia linfoblástica aguda.
Um erro de ADN no gene Ikaros leva a uma forma mais agressiva da doença em todas as crianças com leucemia. Mas as crianças que também tinham síndrome de Down tiveram um resultado ainda pior do que as crianças sem a síndrome, descobriram os cientistas.
“O gene Ikaros aumenta principalmente o risco de recidiva”, explicaram os cientistas.
“Crianças com síndrome de Down e leucemia linfoblástica aguda com gene Ikaros tiveram maior probabilidade de sofrer uma recidiva num espaço de 5 anos após o tratamento.”
Este foi o caso em 37% dessas crianças, em comparação com 13% dos pacientes com leucemia linfoblástica aguda Ikaros que não tinham síndrome de Down. Em outros tipos de leucemia linfoblástica aguda, não foram encontradas diferenças significativas entre crianças com e sem síndrome de Down.
Os cientistas acreditam que a diferença está relacionada com a interação entre as mudanças genéticas na síndrome de Down e no gene Ikaros.
“Precisamos de continuar a lutar pelo desenvolvimento de tratamentos com menos efeitos secundários, como terapias direcionadas e outras formas de imunoterapia, para poder tratar melhor as crianças com síndrome de Down que apresentam esta forma de leucemia linfoblástica aguda”.
Fonte: Medical Xpress