Leucemia linfoblástica aguda: alterações nos protocolos de tratamento aumentam sobrevivência e qualidade de vida

A sobrevivência a cinco anos das crianças que desenvolvem leucemia linfoblástica aguda (LLA) continua a aumentar, atingindo os 94%, e há dados novos que mostram que alterações nos protocolos de tratamento podem reduzir ainda mais o risco de recidiva e melhorar a qualidade de vida dos doentes. As conclusões são de um estudo realizado nos Países Baixos que avaliou dados de 800 crianças e analisou novos protocolos de tratamento.

Os investigadores analisaram protocolos de tratamento diferentes para quatro subgrupos de crianças com leucemia aguda, tendo sido verificado que essas alterações tiveram efeitos positivos na sobrevivência e na qualidade de vida dos pacientes. Por exemplo, o risco de recorrência da doença chegou a ser três vezes menor para crianças com uma forma agressiva de leucemia.

Os resultados deste estudo que avaliou os protocolos de tratamento da LLA, denominado LLA-11, liderado por investigadores do Princess Máxima Center for Pediatric Oncology, nos Países Baixos, foram publicados no Journal of Clinical Oncology.

Entre abril de 2012 e julho de 2020, mais de 800 crianças na Holanda foram tratadas de acordo com este protocolo. O estudo analisou o efeito de alterações nos protocolos de tratamento em grupos específicos de crianças com leucemia, incluindo aquelas com alterações no gene Ikaros.

“Há um grande interesse mundial nesta investigação, porque ainda não se sabia como melhorar a terapia para crianças com leucemia com alteração no gene Ikaros”, destacou o Prof. Dr. Rob Pieters, líder da investigação.

As crianças com leucemia que apresentam uma anormalidade no Ikaros têm maior probabilidade de ter uma recidiva. Neste estudo, essas crianças receberam um ano adicional de quimioterapia de “fase de manutenção”, além dos primeiros dois anos de tratamento. Essa alteração levou a um risco três vezes menor de a doença voltar: só aconteceu em 9% dos casos, contra 26% das crianças que seguiram o protocolo de tratamento anterior.

No âmbito do protocolo LLA-11 (ALL-11, na sigla em inglês), médicos e investigadores também analisaram o efeito de um tratamento menos intensivo em três outros grupos de crianças. Estes incluíram crianças com uma anormalidade no DNA das suas células de leucemia que está associada a uma taxa de cura muito alta e crianças com síndrome de Down que sofrem muitos efeitos colaterais da terapia.

Essas crianças receberam quantidades menores de antraciclinas, um tipo específico de quimioterapia que aumenta o risco de danos cardíacos e infeções. A alteração revelou ser uma boa opção: as crianças tiveram a mesma ou até uma melhor taxa de sobrevivência, enquanto a sua qualidade de vida melhorou devido a um menor risco de infeções e menor probabilidade de danos cardíacos.

“A taxa de sobrevivência a cinco anos para crianças com leucemia linfoblástica aguda aumentou significativamente desde a década de 1960, de zero para 94%, mas as últimas etapas são as mais difíceis. Estamos agora um passo mais perto de curar todas as crianças com LLA. Também conseguimos reduzir a administração de um medicamento que aumenta o risco de danos ao coração em grande parte do tratamento de crianças com doença menos agressiva. Portanto, os resultados mais recentes para crianças com leucemia estão em linha com a nossa missão: mais cura, com menos efeitos colaterais”, concluiu Rob Pieters.

Fonte: News Medical

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