O pequeno Kane Ransom sempre foi um menino muito ativo; por isso, quando aos 3 anos se queixou de dores nas pernas, a sua mãe desvalorizou o assunto.
Mas, rapidamente, o estado de saúde de Kane deteriorou-se, o que levou Natalie e Brendan, os pais do menino, a deslocar-se até ao hospital mais próximo.
Já no hospital, Kane foi observado por quatro médicos, incluindo um fisioterapeuta, que garantiram à família não existir qualquer problema.
“Mas eu sabia que algo estava errado. O meu coração não estava calmo… Quando nos disseram que podíamos ir para casa, eu fiz finca-pé e disse que não me ia embora daquele hospital sem que fizessem uma análise de sangue ao Kane”, conta Natalie.
Os médicos acederam ao pedido da mãe, e no dia 23 de maio de 2014, a família Ransom recebeu uma notícia que iria mudar o rumo da sua vida.
“Quando chegámos ao consultório, o médico disse-nos que o meu filho tinha leucemia. Foi horrível.”
“Eu sabia que algo se passava. Nós, mães, temos de confiar no nosso instinto. Nós carregamos os nossos filhos durante 9 meses, cria-se uma ligação que não existe com mais ninguém. Eu acredito que as mães sabem sempre quando algo de errado se passa com os seus filhos”.

Kane tinha 3 anos quando foi diagnosticado. – Fonte: Facebook
Nesse mesmo dia, Kane foi internado na unidade de oncologia pediátrica do hospital. Na manhã seguinte, os exames confirmaram que Kane tinha leucemia linfoblástica aguda; sem tratamento, o menino teria apenas 4 semanas de vida.
Seguiram-se 2 anos de quimioterapia e transfusões de sangue; durante esse período, Kane celebrou o seu 4º e 5º aniversários e Brendon deixou de trabalhar para poder ser um cuidador a tempo integral.
“O meu filho perdeu um ano escolar. Enquanto a maioria das crianças brincava na rua, o Kane era submetido a exames. Ele não teve uma infância normal. O cancro roubou-lha”, diz, emocionada, Natalie.
Eventualmente, o menino entrou em remissão e, durante 18 meses, a família retomou as suas rotinas, a transbordar de felicidade.
Mas, passado pouco tempo, apenas 3 semanas depois do menino ter feito exames que vieram com resultados normais, Kane volta a queixar-se de dores angustiantes.
“O meu coração parou. Nós sabíamos que o cancro podia voltar, mas não queríamos acreditar. Mal ele se queixou, levámo-lo logo para o hospital”.

O cancro recidivou após 18 meses em remissão. – Facebook
Kane tinha apenas 6 anos quando o cancro recidivou.
“Quando nos contaram, eu desabei. Tive de pedir às enfermeiras para tirarem o Kane do consultório, porque não queria que ele me visse assim. Nós estávamos a retomar a nossa vida, a viver normalmente…e o meu filho ia voltar a sofrer. Foi ainda mais assustador do que da primeira vez que nos disseram que ele tinha cancro. Fiquei com muito medo, porque sabia que o meu filho também estava mais frágil desta vez”.
Com a nova ronda de tratamentos, vieram novos problemas. Por ser mais velho, Kane começou a recordar lembranças reprimidas do seu primeiro tratamento; as dores eram maiores e o menino começou a fazer perguntas difíceis sobre a sua própria mortalidade.

Natalie, Kane e a sua irmã, Naveen. – Fonte: Facebook
“Um dia, quando uma das crianças internadas morreu, o Kane perguntou-me se lhe iria acontecer o mesmo. ‘Mãe, também vou morrer como aquele menino?’. Nunca mais me vou esquecer dessa pergunta…”, recorda Natalie.
Brendon e Natalie decidiram que iriam responder às questões de Kane o mais honestamente possível, mas sempre de forma positiva.
“Mas nem sempre é fácil encontrar um equilíbrio”, revela o pai.
Kane tem agora 8 anos. Mais de metade da sua vida foi a lutar contra um cancro.

Kane e o pai, Brendan. – Fonte: Facebook
Apesar de controlado, o menino continua a fazer tratamentos, nomeadamente quimioterapia oral diária, que só deverá concluir em 2020.
“Vivemos num estado de medo constante. É um sobressalto permanente”, confidencia Natalie.
Mesmo assim, a família não desiste e, todos os dias, tenta criar novas memórias.
“Ninguém sabe o dia de amanhã, por isso, aproveitamos ao máximo o dia de hoje. Mesmo no meio desta luta, conseguimos ser felizes. Temos de ser felizes pelo nosso filho. Queremos que ele tenha o maior número de memórias e experiências possível”.

Kane mantém-se positivo e só pensa no futuro. – Fonte: Facebook
Fonte: 10daily