Jovens sobreviventes em maior risco de insuficiência cardíaca prematura

Imagine sobreviver a um cancro e descobrir depois que o fármaco que o salvou também pode ter aumentado o risco de insuficiência cardíaca.

Um novo estudo realizado pela Northwestern Medicine, nos Estados Unidos, descobriu que jovens sobreviventes de cancro (com idades entre os 18 e os 39 anos no momento do diagnóstico) apresentavam um maior risco de sofrer de insuficiência cardíaca quando tratados com antraciclinas, uma categoria específica de quimioterapia que danifica o ADN nas células cancerígenas.

No total, 12 879 jovens adultos sobreviventes de cancro foram analisados, neste que foi o primeiro estudo a estimar o risco de insuficiência cardíaca entre jovens adultos sobreviventes de cancro tratados com antraciclinas.

A incidência de insuficiência cardíaca foi maior para os sobreviventes previamente diagnosticados com leucemia – sobreviventes de cancro no rim, de linfoma, de cancro nos ossos e de cancro da mama também tiveram uma maior incidência de insuficiência cardíaca em comparação com os participantes do estudo diagnosticados com outros tipos de cancro.

“Felizmente, cada vez mais pessoas sobrevivem ao cancro – ainda assim, continuam a correr um enorme risco de sofrer de efeitos secundários a longo prazo, como insuficiência cardíaca e infertilidade”, explicou a principal investigadora do estudo, Elizabeth Hibler.

“Com esta investigação queremos, não só, ajudar as pessoas a sobreviver, mas também proporcionar-lhes uma melhor saúde e uma maior longevidade”.

Nest estudo, publicado na revista JACC: CardioOncology, a idade média do diagnóstico de insuficiência cardíaca foi de 32 anos, o que não apenas indica um risco aumentado, mas também um início precoce de insuficiência cardíaca.

“Muitas vezes pensamos na insuficiência cardíaca como uma doença que as pessoas adquirem quando envelhecem, mas esta investigação mostra que esta doença também é um risco de curto prazo para pacientes que sobreviveram ao cancro”.

A relação entre a quimioterapia com antraciclina e o risco de insuficiência cardíaca já havia sido demonstrada em sobreviventes de cancro infantil e em adultos mais velhos, mas este foi o primeiro estudo a estimar o risco de insuficiência cardíaca entre a população de jovens adultos.

Segundo os cientistas, embora a quimioterapia com antraciclina seja eficaz no tratamento do cancro, este é um tratamento cada vez menos utilizado, devido aos seus efeitos secundários cardiotóxicos.

Os resultados deste estudo fornecem mais evidências para a sobreposição entre a doença cardiovascular e o cancro, mas serão necessárias mais investigações para entender se outros tipos de tratamento oncológicos também podem afetar o risco de insuficiência cardíaca, mesmo para os jovens.

Fonte: Medical Xpress

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