Joey Belles tinha apenas 13 anos quando, em junho do ano passado, foi diagnosticado com um tumor cerebral raro, que exigiu que o jovem fosse submetido a várias cirurgias e várias rondas de quimioterapia.
Desde cedo, os seus médicos no Cook Children’s Medical Center, nos Estados Unidos, incentivaram o rapaz a, dentro das suas possibilidades, manter-se ativo durante o internamento.
“Poucos dias depois de o Joey ficar internado, os médicos vieram falar connosco, e explicaram-nos que, embora fosse mais fácil o Joey ficar na cama, nós tínhamos de o incentivar a mexer-se”.
Foi graças a esse conselho que Joey e a sua família conheceram o Miles in Motion (qualquer coisa como Milhas em Movimento, em Português), um programa do hospital utilizado para manter os pacientes ativos.
O Miles in Motion foi criado por um grupo de fisioterapeutas do hospital, que começaram a ficar alarmados com a falta de mobilidade de muitos dos seus pacientes.
“Tentámos mudar um pouco o paradigma e incentivámos muitas pessoas a verem o exercício físico como um medicamento, uma forma simples de se sentirem melhor. Para isso, demos fichas personalizadas a cada um para conseguirmos monitorizar a sua atividade física”, explica Lydia Robey, uma das fundadoras do Miles in Motion.
Os pacientes que cumprem as recomendações, recebem recompensas.
“Por exemplo, explicámos que 24 voltas ao posto de enfermagem equivaliam a 1 milha (cerca de 1,6 km) e que, quem o conseguisse fazer, iria receber uma bracelete. Quem conseguisse andar 10 milhas (cerca de 16 km), receberia um cartão-oferta”.
A equipa afirma que Joey foi um dos pacientes que mais força de vontade demonstrou ao longo do tempo.
No início, o adolescente começou por fazer caminhadas mais curtas, mas rapidamente ganhou motivação para aumentar o seu percurso.
“Tudo dependia do tratamento e do estado em que este o deixava. Às vezes, o Joey aguentava 2 a 3 minutos a andar, outras vezes, 5 ou 10 minutos; mesmo em alturas em que lhe era quase impossível movimentar-se, ele tentava andar, nem que fossem 30 segundos”.
Ter de se movimentar deu um novo alento ao jovem, que começou a notar efeitos na sua saúde mental.
“Eu sentia-me bem quando caminhava. Saber que tinha de chegar àquele ponto, criar uma nova rotina, ter um objetivo para além de me curar fez-me sentir muito bem. Tornou esta experiência mais leve. Houve dias complicados, muito complicados, e graças a estas caminhadas, consegui esquecer-me muitas vezes de onde estava”, revela o jovem.
Um dia, quase sem dar por isso, Joey estava prestes a completar uma maratona (42,195 km) dentro do hospital.
“Quando fomos ver a ficha do Joey, reparámos que ele estava quase a ultrapassar a barreira dos 42 km e decidimos que tínhamos de fazer algo em grande para comemorar todo o seu esforço e positividade”, relata Haleigh Schreck, o fisioterapeuta de Joey.
O hospital nunca havia imaginado que um paciente conseguiria cobrir a distância de uma maratona nos seus corredores.
A equipa do Miles in Motion decidiu, juntamente com a administração do hospital, que Joey, que estava prestes a terminar a sua última sessão de quimioterapia, finalizaria a sua maratona no dia em que completasse o tratamento.
E assim foi…
A 20 de fevereiro, Joey contornou pela última vez o posto de enfermagem, tendo completado as tão almejadas 26,2 milhas (o equivalente aos 42,195 km de uma maratona).
Veja o vídeo do emocionante momento:
No fim, o jovem foi recebido por dezenas de funcionários do hospital que o tinham incentivado ao longo daqueles últimos meses.
Na meta, Joey tinha à sua espera um cobertor espacial, lanches variados, cachos da sua fruta preferida, banana, e uma medalha com o seu nome que a sua mãe lhe colocou á volta do pescoço.
“Foi maravilhoso ter aquelas pessoas todas à minha espera. Nunca me vou esquecer daquele momento”, conta o sobrevivente.
Atualmente, Joey está em casa recuperar; apesar de se encontrar isolado, o jovem continua a andar todos os dias. O objetivo? Ficar curado para poder começar a correr.
“Eu e os meus pais estamos a planear participar numa maratona à séria. É nisso que estamos focados agora. Sei que vou conseguir”.
Fonte: Runner’s World