Um médico japonês especialista em cancro pediátrico afirmou recentemente que é preciso criar um sistema que facilite o acesso de crianças com cancro pediátrico tratadas no Japão a medicamentos disponíveis noutros países, bem como potenciar o acesso e a partilha desses fármacos a nível mundial.
Cerca de 120 membros de grupos de pacientes e médicos defendem essas medidas, que consideram ser fundamental para o tratamento de crianças e jovens afetadas pelas doenças oncológicas.
De acordo com Ogawa Chitose, médico do National Cancer Center Hospital, no Japão, disse que alguns medicamentos de alvo molecular, que atuam sobre proteínas que contribuem para a proliferação de células cancerígenas e são usados noutros países, não podem ser utilizados para tratar crianças no Japão.
Este facto está relacionado com a incapacidade de se obter aprovação, no Japão, para os medicamentos devido à ausência de ensaios clínicos necessários para dar luz verde a fármacos desenvolvidos noutros países.
Há menos medicamentos disponíveis para crianças devido ao menor número de pacientes e cerca de 60% dos 40 novos medicamentos pediátricos contra o cancro desenvolvidos nos Estados Unidos entre 2000 e 2022 não foram aprovados no Japão, disse o investigador.
Como há menos medicamentos que podem ser usados no Japão, em comparação com outros países, algumas crianças morreram porque não tiveram acesso a uma gama mais ampla de fármacos, lamentou o cientista.
Ogawa Chitose defende que é preciso criar um sistema para incentivar as empresas farmacêuticas estrangeiras a realizar ensaios clínicos no Japão e aprovar medicamentos para tratamento oncológico para adultos e crianças ao mesmo tempo.
Moue Yuko, diretora da Pediatric Brain Tumor Network, um grupo formado por pacientes e os seus familiares, afirmou que a situação em que medicamentos usados noutros países não podem ser utilizados no Japão é muito difícil para os pais, acrescentando que espera que um sistema seja criado para aprovar rapidamente esses fármacos.
Fonte: NHK