Cientistas da Universidade de Kanazawa, no Japão, acreditam ter descoberto um tratamento à base de 131I-metaiodobenzilguanidina que, em altas doses, pode fornecer um prognóstico mais favorável a crianças com neuroblastoma
O neuroblastoma é um dos tipos de cancro mais comuns em crianças e possui poucas opções de tratamento.
Nesta nova investigação, os cientistas analisaram retrospetivamente crianças com neuroblastoma de alto risco, refratário ou recidivado, tratadas com 131I-metaiodobenzilguanidina (131I-MIBG) e descobriram um prognóstico favorável nesses pacientes.
O neuroblastoma forma-se em órgãos que têm origem embriológica no tecido nervoso, como as glândulas suprarrenais ou o sistema nervoso, e é o tumor sólido mais comum que ocorre em crianças em áreas fora da cabeça.
Os pacientes com neuroblastoma podem ser divididos em três grupos de risco distintos: com base na idade da criança, estadio ou morfologia do cancro.
Embora as crianças pertencentes aos grupos de baixo e médio risco possam ficar curadas através de cirurgia ou quimioterapia e, portanto, tenham resultados favoráveis, as crianças do grupo de alto risco precisam de ser submetidas a quimioterapia mais agressiva, a um transplante de células estaminais ou a radioterapia, sendo que o sucesso é limitado.
“Até 50% das crianças do grupo de alto risco não responde às opções de tratamento disponíveis. Dado que menos de 50% das crianças sobrevivem 5 anos após o diagnóstico, nosso objetivo era investigar novas vias de tratamento para crianças com neuroblastoma de alto risco”.
Para atingirem o objetivo do estudo, Seigo Kinuya e os seus colegas focaram-se no 131I-MIBG, uma forma emissora de radiação de MIBG, que é estruturalmente semelhante à noradrenalina, uma hormona produzida pelos tecidos nervosos e que, portanto, enriquece nesses tecidos.
Embora esteja disponível desde 1986, não foi até recentemente que uma alta dose de 131I-MIBG começou a ser usada em contextos clínicos.
Por isso, os cientistas investigaram retrospetivamente 20 pacientes com neuroblastoma de alto risco refratário ou recidivado que foram tratados com 131I-MIBG em altas doses no Hospital Universitário de Kanazawa; desta forma, a equipa conseguiu analisar a eficácia do medicamento e o resultado dos pacientes num período de 5 anos.
Os investigadores descobriram que nos 19 pacientes com dados completos de acompanhamento, a taxa de sobrevivência livre de complicações, que descreve o tempo após o tratamento em que o paciente permaneceu livre de problemas, foi de 42% em 1 ano e 16% em 5 anos. anos.
A sobrevivência global, que descreve o tempo de vida dos pacientes desde o diagnóstico até agora, foi de 58% em 1 ano e 42% em 5 anos.
Curiosamente, os cientistas descobriram que os pacientes tinham uma probabilidade significativamente maior de sobrevivência se fossem submetidos à terapia com 131I-MIBG, mediante uma série de fatores, como tempo de diagnóstico, dor, síntese hormonal, entre outros.
Embora todos os pacientes tivessem apresentado sinais de efeitos secundários hematológicos, como diminuição da contagem de células de sangue, os efeitos secundários não-hematológicos foram descritos em apenas 1, dos 19 pacientes.
“Estes são resultados impressionantes que mostram que a terapia com 131I-MIBG em altas doses pode fornecer um prognóstico favorável em certos pacientes com neuroblastoma de alto risco”.
Para o autor principal, as descobertas podem “fornecer a base para uma nova opção de tratamento para neuroblastoma”.
Fonte: Eurekalert