Os tratamentos contra a leucemia provocam, de uma maneira geral, infertilidade nos sobreviventes.
Por esse motivo, investigadores da Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, estão a trabalhar no sentido de restaurar a capacidade de jovens do sexo feminino, sobreviventes de cancro infantil, serem ser mães biológicas.
No ovários, os folículos são como “ninhos” que carregam os óvulos e os sustentam para que estes cresçam e se tornem viáveis.
Os investigadores demonstraram que poderiam melhorar drasticamente a taxa na qual os folículos desenvolvem óvulos maduros “cercando” os folículos com células estaminais adultas derivadas de tecido adiposo num modelo 3-D que imita o ambiente do ovário.
Células estaminais derivadas de tecido adiposo podem ser obtidas de tecido adiposo prontamente disponível em adultos; os cientistas acreditam que esta abordagem pode oferecer esperança para muitas sobreviventes.
“Uma vez que as pacientes estão livres de cancro e querem ter filhos biológicos, esperamos poder recolher os seus folículos, cultivá-los in vitro e obter óvulos saudáveis para implantar nessas mulheres jovens e saudáveis”, disseram os investigadores.
A abordagem descrita aumentou a sobrevida do folículo de menos de 5% para entre 42% e 86%, dependendo do tamanho do folículo.
A pesquisa foi publicada no Stem Cell Research & Therapy Journal.
“Este é um grande passo na direção da preservação da fertilidade de mulheres e meninas submetidas a quimioterapia e radioterapia, tratamentos que são tóxicos para os folículos”, lê-se no artigo.
Neste momento, a única solução existente é que as pacientes com leucemia congelem tecido ovariano antes do tratamento na esperança de que a tecnologia possa tornar o crescimento e a maturação do folículo num procedimento viável.
“Um folículo é uma estrutura tridimensional que se torna numa espécie de panqueca, e não numa estrutura esférica cercada por células de suporte, quando colocada numa superfície plana. Como resultado, perde-se o contato entre as células de suporte e as células germinativas o que faz com que o folículo não cresça”.
O modelo 3-D projetado pelos cientistas permite que um único folículo cresça em todas as direções dentro de redes de polímeros; ao cercar o folículo com as células estaminais adultas, cria-se um sistema de entrega inteligente para citocinas – substâncias que estimulam o crescimento – em todas as direções, o que melhora a probabilidade de um desenvolvimento bem-sucedido.
Os folículos são muito mais fáceis de cultivar em ratos do que humanos, disseram os investigadores; mas se o processo puder ser adaptado com sucesso em casos humanos, isso beneficiaria muitas sobreviventes de leucemia que querem engravidar.
O número de sobreviventes tem vindo a aumentar à medida que os tratamentos contra o cancro se vão tornado mais eficazes.
Se o processo puder ser replicado, funcionará da seguinte forma: uma jovem diagnosticada com leucemia, que deseje manter aberta a possibilidade de ter um filho biológico, irá remover um ovário, que será depois congelado, antes do início do tratamento.
Depois dos tratamentos, a jovem receberá um atestado de saúde, decide que quer ter um filho e os investigadores procederão ao isolamento dos folículos desse ovário de forma a conseguir cultivá-los em laboratório até que os óvulos estejam maduros.
De seguida, óvulos saudáveis wserão fertilizados e transferidos para o útero da mulher para realizar a gravidez, num processo conhecido como fertilização in vitro.
Fonte: Medical Xpress