Investigadores do Dana-Farber / Boston Children’s Cancer and Blood Disorders Center, nos Estados Unidos, descobriram recentemente que os níveis de uma proteína específica detetada na urina de um paciente podem vir a ser utilizados para analisar o tamanho de um tumor e a capacidade de resposta ao tratamento em crianças com glioma pontino intrínseco difuso (DIPG).
Esta descoberta, acreditam os cientistas, pode vir a ser útil no desenvolvimento de opções de tratamento mais inovadoras e menos invasivas.
O DIPG afeta, só nos Estados Unidos, entre 150 a 300 crianças por ano. Este tipo de cancro tem uma taxa de mortalidade superior a 98%, 5 anos após o diagnóstico – “números inquietantes que se devem, em grande parte, ao desafio clínico que o DIPG apresenta”, explicam os cientistas.
A cirurgia raramente é uma possibilidade, devido à natureza invasiva do tumor e ainda não existem opções quimioterápicas eficazes. Atualmente, a radioterapia é a abordagem primária para o tratamento, mas fornece apenas uma sobrevivência média de alguns meses.
Por causa desses desafios, existe uma necessidade crítica de desenvolver novas formas de detetar este tipo de cancro, de monitorizar a eficácia do tratamento e de identificar mecanismos que controlam as principais características patológicas do DIPG.
Com a ajuda da Love Your Melon – uma marca de roupas que doa 50% do seu lucro para organizações que apoiam a luta contra o cancro infantil – uma equipa liderada por pelo neurocirurgião Edward Smith está a tentar desenvolver formas inovadoras de atender a estas necessidades.
“Explicando de uma forma muito simples, o que estamos a tentar fazer é encontrar melhores formas de detetar estes tipos de tumores e acompanhar o seu desenvolvimento, através da urina”, explicou.
Com esta investigação, a equipa conseguiu utilizar biomarcadores urinários para DIPG num ensaio nacional, que determinou que a proteína Netrin-1 é um biomarcador confiável – ou indicador mensurável – de DIPG.
A Netrin-1 é produzida pelo gene NTN1, cuja função no corpo humano ainda não está totalmente definida, mas que se acredita que esteja envolvido na migração celular.
“Os biomarcadores urinários ajudam-nos a evitar o máximo possível a prática padrão invasiva e desconfortável de ‘explorar’ a cabeça das crianças”, disse Edward Smith, referindo-se ao padrão de diagnóstico atual para DIPG, que compreende uma ressonância magnética e biópsias.
Segundo a equipa, existem ainda outras vantagens da utilização destes biomarcadores, incluindo o facto de não serem invasivos (pelo que não existe a necessidade de anestesia), existir um risco reduzido (inerente a procedimentos cirúrgicos), terem um custo mais baixo do que o diagnóstico padrão, e proporcionarem uma maior facilidade ao nível da frequência de amostragem.
“Estamos a tentar encontrar formas inovadoras de atingir as células cancerígenas, eliminando-as de maneira a impedi-las de prejudicar células cerebrais normais e saudáveis. Queremos mesmo ajudar estas crianças”.
Fonte: Medical Xpress