Uma equipa de investigadores afirmou que os resultados do primeiro ensaio clínico a usar terapia direcionada para o tratamento do linfoma de Hodgkin pediátrico de alto risco são “excelentes”.
A investigação demonstrou que a adição de brentuximab vedotina ao tratamento alcançou “resultados excelentes, reduziu os efeitos secundários e permitiu uma exposição reduzida à radiação”.
Neste trabalho estiveram envolvidas várias instituições, entre elas o St. Jude Children’s Research Hospital, a Universidade de Stanford, o Dana-Farber Cancer Institute e o Massachusetts General Hospital, todos nos Estados Unidos, sendo que as descobertas foram publicadas no Journal of Clinical Oncology.
O brentuximab vedotina, já aprovado para o tratamento de adultos com linfoma de Hodgkin, é um conjunto de anticorpos anti-CD30, direcionado especificamente para um tipo muito específico de células: as células de Hodgkin Reed Sternberg.
“Costumo dizer que o brentuximab vedotina é uma espécie de fármaco inteligente”, afirmou a autora principal da investigação, Monika Metzger, do St. Jude Children’s Research Hospital.
Segundo a médica, “ao contrário da quimioterapia convencional, que pode ter efeitos abrangentes em todas as células do corpo, este fármaco atinge diretamente as células do linfoma de Hodgkin, maximizando o seu efeito terapêutico e minimizando os seus efeitos secundários”.
Nste ensaio clínico de fase 2, os investigadores substituiram o medicamento quimioterápico vincristina pelo brentuximab vedotina num regime de tratamento de primeira linha; este regime incluiu outros agentes quimioterápicos e radiação quando necessário.
“A vincristina está associada à neuropatia e, efetivamente, ao removermos este fármaco do plano de tratamento, conseguimos observar uma redução desse efeito secundário nos nossos pacientes”.
A taxa de sobrevivência a 3 anos foi de 99%.
Dos 77 pacientes inscritos no estudo, 35% não foram submetidos a radioterapia; ainda assim, quando esta era necessária, as suas doses eram reduzidas o mais possível.
“Já reduzimos o uso de radioterapia para pacientes com linfoma de Hodgkin de baixo risco. Neste estudo, mostrámos que também é possível omitir ou reduzir a extensão da radiação em pacientes de alto risco, usando métodos altamente precisos, como radiação de feixe de protões ou radiação modulada por intensidade”, explicou Matthew Krasin, outro dos cientistas envolvidos na investigação.
O estudo concluiu que o brentuximab vedotina, enquanto tratamento de primeira linha para o linfoma de Hodkgin pediátrico de alto risco, é bastante tolerável, capaz de reduzir a exposição à radiação e produzir resultados excelentes.
Atualmente, o fármaco está a ser incorporado noutros estudos nacionais para o tratamento de pacientes pediátricos com linfoma de Hodgkin.
“Ser capaz de oferecer aos pacientes com linfoma de Hodgkin uma terapia direcionada logo no ínicio do tratamento é um desenvolvimento muito estimulante e animador”, disse Melissa Hudson, que foi a coautora da investigação.
“Estamos constantemente a aprender coisas novas, e quanto mais soubermos, melhor. Esse é o objetivo da ciência e da investigação. Agora, queremos aplicar estes novos conhecimentos em mais ensaios clínicos”.
Fonte: Eurekalert